A CGD anunciou esta quinta-feira um pagamento extraordinário, em dezembro, de 900 euros aos trabalhadores com rendimento mensal até 1500 euros e de 600 euros para os que auferem entre 1500 e 2700 euros, para mitigar os efeitos da inflação.
Em comunicado, a Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos (CGD) avança ainda que permitirá aos trabalhadores antecipar até 50% do subsídio de Natal durante o primeiro semestre de 2023 ou receber da totalidade deste subsídio em duodécimos e que irá majorar os prémios e incentivos a pagar no próximo ano.
Negociadas com os sindicatos, estas medidas visam responder ao “aumento inusitado da inflação”, que, refere a CGD, “tem afetado de forma anormal o rendimento disponível dos seus colaboradores, particularmente daqueles que integram agregados familiares que auferem remunerações mais baixas”.
Segundo a CGD, para o cálculo do pagamento extraordinário a efetuar em dezembro são consideradas todas as rubricas remuneratórias regulares e o subsídio de refeição.
“A Comissão Executiva entende que a Caixa está hoje mais bem preparada para enfrentar os tempos difíceis que vivemos e que os seus colaboradores desempenham um papel fundamental no serviço prestado às famílias e empresas portuguesas, continuando atenta à sua remuneração, particularmente daqueles que estão mais vulneráveis neste período que atravessamos”.
Ao início da manhã de hoje, o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) tinha já avançado que a CGD ia proceder a um pagamento extraordinário em dezembro entre os 600 e os 900 euros para os trabalhadores com rendimento mensal até 2.700 euros e permitir a antecipação do recebimento do subsídio de Natal de 2023.
Em comunicado, o Sindicato adiantou que a Caixa mostrou, numa reunião realizada na quarta-feira, “abertura para discutir as medidas de apoio a tomar para ajudar os trabalhadores a responder aos “brutais” aumentos do custo de vida e avançou com um pagamento extraordinário.
“Registamos assim positivamente esta decisão da administração e só lamentamos a sua morosidade, quando outros bancos e até mesmo empresas de bem menor dimensão já o tinham feito”, referiu o STEC.
O sindicato diz que a CGD alega que nos últimos quatro anos (de 2018 até 2021) os aumentos salariais atribuídos pela empresa foram iguais ou superiores à inflação, “esquecendo-se ardilosamente de considerar a inflação prevista pelo Banco de Portugal para 2022 (7,8%) e atender ao aumento médio da tabela salarial alcançado no início do presente ano (0,92%), ainda num período em que ninguém poderia prever este esmagador aumento da inflação”.
De acordo com o sindicato, os trabalhadores e reformados confrontam-se agora com uma “brutal redução do seu poder de compra, muito superior a qualquer aumento salarial atribuído em anos anteriores”.
Por isso, o STEC alerta que “não abdicará que a negociação da tabela salarial para 2023 reverta esta indesmentível e substancial perda de poder de compra, reconhecendo-se os trabalhadores como uma mais-valia determinante para o funcionamento, imagem e resultados do banco público”.
Na segunda-feira, o STEC anunciou ter pedido uma reunião urgente ao presidente executivo da CGD para reclamar apoios face à escalada da inflação.
Na altura, o STEC, considerou “inqualificável e ensurdecedor” o “silêncio” da administração da CCG – “o maior, o mais credível e mais lucrativo banco do país” – face à “inflação galopante, à subida obscena do custo de vida, ao ‘aperto de cinto’ e à dificuldade de aquisição de muitos bens essenciais”.
A CGD apresenta hoje os resultados dos primeiros nove meses de 2022.