O presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira revelou hoje ter iniciado o processo de classificação da escultura “O Cervo”, de José Rodrigues, situada no monte mais alto do concelho, como monumento de interesse nacional.
“Já iniciamos o processo de classificação como monumento de interesse nacional daquele símbolo de Vila Nova de Cerveira”, afirmou o autarca Fernando Nogueira adiantando que a classificação da escultura em ferro “O Cervo” (veado) é uma das iniciativas de homenagem ao escultor e artista plástico José Rodrigues que morreu no sábado passado, aos 79 anos.
Inaugurada em agosto de 85, a escultura em ferro está instalada no cimo do monte do Crasto, na Serra da Gávea, considerado “o berço de Cerveira”. O caminho de acesso à escultura, construído em 1988, transformou o espaço num miradouro com vista para o rio Minho. O “Cervo” assumiu-se como um símbolo de Vila Nova de Cerveira uma vez que uma das versões sobre a origem do nome do concelho prende-se com a exigência de muitos cervos (veados), sendo que as armas do concelho têm também a imagem daquele animal. O animal é ainda protagonista de uma lenda intitulada “Cervo Rei” que dominava aqueles montes.
Nogueira revelou que no dia 29 de outubro, “mês em que José Rodrigues completaria 80 anos, vai ser realizada numa homenagem conjunta, da autarquia e a família do escultor, para perpetuar o seu nome, num jardim à entrada da vila onde, há se ergueu uma das suas obras intitulada O Esforço”.
“Como forma de reconhecimento e homenagem póstuma a Câmara decidiu, na quarta-feira, por unanimidade, a alteração toponímica daquele jardim. No dia 29 de outubro às 15:00 será colocada uma placa identificativa do Jardim Mestre Zé Rodrigues”, referiu o autarca.
Adiantou que “a homenagem que está a ser preparada pela autarquia e pela família inclui outras iniciativas que serão oportunamente divulgadas”.
O concelho decretou dois dias de luto municipal (10 e 11 de setembro).
O autarca sublinhou que a morte do escultor representa “uma perda irreparável para a cultura nacional e, em particular, para Vila Nova de Cerveira, conhecida como a Vila das Artes”.
“A pessoa e a obra do mestre José Rodrigues estão eternamente ligadas a Vila Nova de Cerveira, e este ato simbólico representa um contributo para a recordação e preservação da memória do Homem e Artista nos dias de hoje e para as novas gerações.
O Mestre José Rodrigues idolatrava a interação entre a arte e a natureza e, se aquele jardim em pleno coração da vila já lhe pertencia pela obra O Esforço, de hoje em diante é mesmo seu “, disse.
Em 2012, aquela autarquia distinguiu “o trabalho e dedicação” do mestre José Rodrigues, agraciando-o com a medalha de honra do município, “pelo impulso que conferiu às Bienais Internacionais de Arte de Vila Nova Cerveira e ao seu papel enquanto diretor artístico, na VI edição”.
Considerado um dos fundadores da bienal, a mais antiga do país, que se realiza desde 1978, o escultor foi homenageado em 2011, na abertura da edição daquele ano, numa cerimónia que contou com a presença do então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Em Vila Nova de Cerveira, além do “Cervo” e do “Esforço”, José Rodrigues é ainda o autor da peça as “Navegações”, situada junto à margem do rio Minho e do espólio do Convento São Paio, na Serra da Gávea, que adquiriu, restaurou e onde viveu.
No Alto Minho, José Rodrigues tem ainda outras peças como, por exemplo, em Viana do Castelo. Uma delas está situada, em pleno centro histórico, encontra-se uma escultura do Caramuru, inaugurada em 2009.
Em bronze fundido, com mais de cinco metros de altura, a escultura retrata o navegador de Viana do Castelo e a índia com quem casou, após o naufrágio do seu navio na Bahia de Todos dos Santos, no Brasil, em 1508.
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