Vila Nova de Cerveira quer “vestir-se” de vermelho, no dia 31, à noite, para recriar, no centro histórico da vila, a Queima do Judas, num espetáculo comunitário promovido pela Câmara local há 12 anos.
Em comunicado hoje enviado à agência Lusa, o município “desafia” as “centenas de pessoas que todos os anos assistem ao espetáculo” a envergar uma peça de roupa de cor vermelha na tentativa de “criar uma espécie de manto vermelho que envolva o centro histórico da vila, onde decorrerá a representação popular”.
“Na Bíblia, o vermelho simboliza a humanidade e a vida. Surge associado ao sangue de Jesus, ao amor de Deus, ao sangue do cordeiro, à expiação e à salvação. É ainda a cor do pecado, do diabo e da tentação. A morte de Judas dá-se num local chamado Campo de Sangue”, explica aquela autarquia.
A representação popular, produzida pela companhia Comédias do Minho, está marcada para dia 31, às 23:30, “vai ocorrer em sete espaços públicos do centro histórico da vila”.
“Procurando uma maior interação e envolvimento da população, os promotores do espetáculo pretendem recriar este manto vermelho. Para isso, o desafio lançado a à população e aos visitantes para que saiam à rua vestidos de vermelho”, acrescentou.
O espetáculo, que conta com a participação de “uma centena de intervenientes, entre atores amadores e figurantes, atrai, todos os anos, muitos visitantes da vizinha Galiza”.
Segundo o município, a representação popular preparada pela Comédias do Minho “será feita num percurso, que se divide entre sagrado e profano, composto por sete pontos-chave com música ao vivo, dança, cor e muita festa até chegar ao dia do julgamento final, onde Judas será julgado e queimado num cenário de grande escala”, especificou o município.
Os diferentes quadros da encenação “será acompanhada por música clássica, sacra e eletrónica”.
A Queima de Judas é uma festa popular que tem lugar no sábado que antecede a Páscoa na qual se recupera o ritual pagão da morte do ano velho e da chegada da primavera.
“Numa representação de pendor simultaneamente sagrado e profano, ritualiza-se a morte de Jesus Cristo, condena-se Judas, o traidor, convocam-se os vivos e os mortos e expurgam-se todos os males para comemorar o início de um novo ciclo”, referiu.
Com texto de José Lopes Gonçalves, o espetáculo tem encenação de Joana Magalhães e interpretação de atores da Comédias do Minho e de atores amadores de Vila Nova de Cerveira.
Bernardo Soares, Catarina Santos, DJ Klarion, Isabel Carvalho, Pedro Lameira, Ricardo Casaleiro, Vasco Ferreira são os responsáveis pela música e Diogo Carvalho pela multimédia.
A iniciativa conta ainda com a participação do grupo de ?motards’ Mototerra, da Associação CATT- Amigos de Cerveira Todo o Terreno, colaboradores da Câmara e dos Bombeiros Voluntários.
Entre os dias 27 e 29, decorre ainda um ‘atelier’ de construção do chamado “Judinhas”.
A iniciativa, aberta a toda a população, utiliza materiais reciclados para a construção daquela figura que, no dia do espetáculo, será distribuída à população.