O presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira disse hoje que no primeiro dia de funcionamento do balcão de apoio criado pelo município foram entregues cerca de 100 reclamações por erros de faturação da Águas do Alto Minho.
Contactado pela agência Lusa a propósito da abertura, hoje, de um balcão presencial, no edifício dos Paços do Concelho, para apoiar os munícipes, Fernando Nogueira, disse que além das cerca de 100 reclamações que aquele serviço recebeu presencialmente” juntam-se mais “cerca de três dezenas submetidas digitalmente durante o último fim-de-semana”.
“Dada esta afluência, apercebemo-nos de que, nos próximos dias, muitas mais reclamações deverão dar entrada neste balcão de apoio presencial criado para o efeito”, referiu.
A AdAM é detida em 51% pela Águas de Portugal (AdP) e em 49% por sete municípios do distrito de Viana do Castelo (Arcos de Valdevez, Caminha, Paredes de Coura, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira), que compõem a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.
Três concelhos do distrito – Ponte da Barca, Monção e Melgaço – reprovaram a constituição daquela parceria.
A nova empresa começou a operar em janeiro, “dimensionada para fornecer mais de nove milhões de metros cúbicos de água potável, por ano, a cerca de 100 mil clientes e para recolher e tratar mais de seis milhões de metros cúbicos de água residual, por ano, a cerca de 70 mil clientes”.
O anúncio de abertura do balcão presencial no edifício camarário foi anunciado pelo autarca, na sexta-feira, na página oficial da Câmara na rede social Facebook.
Fernando Nogueira justificava a decisão com as “inúmeras irregularidades e inconformidades” das faturas do mês de janeiro, “irregularidades e inconformidades que se repetiram nas faturas do mês de fevereiro”
“Considerando que as instalações da empresa AdAM em Vila Nova de Cerveira, se encontram encerradas e as chamadas telefónicas não são atendidas, a Câmara decidiu avançar com este procedimento por constatar que os erros de faturação, que já tinham sido muitos na primeira fatura respeitante a janeiro, aumentaram significativamente e de forma muito grosseira no mês de fevereiro”, sustentou o autarca no comunicado.
Hoje, à Lusa, Fernando Nogueira referiu que “toda esta situação deixou em pânico os munícipes, especialmente os mais idosos”.
“No concelho são muitos sem saberem o que fazer e, pior, por não terem condições para concretizar o pagamento de valores avultados apresentados. Em muitos dos casos, o pagamento de certas faturas colocaria em causa a subsistência do agregado familiar ao longo do mês”, apontou.
Segundo Fernando Nogueira, “esta medida serve especialmente para dar apoio a pessoas que não tenham qualquer possibilidade de aceder aos meios digitais para realizar a sua reclamação, nomeadamente a digitalização da fatura e o envio da reclamação por email”.
“Apesar de alguma exaltação expetável causada pelos erros de faturação, todo o processo de auscultação criado pela autarquia foi extremamente bem conseguido, com as pessoas a cumprir com as regras de distanciamento social, assim como a Câmara Municipal também colocou em prática os procedimentos considerados necessários perante a pandemia covid-19”.
Fernando Nogueira avisou ainda que “a estas medidas, caso se justifique, seguir-se-ão outras que a Câmara Municipal considere necessárias”.
No sábado, contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves, confirmou a vandalização, durante a madrugada das instalações da AdAM em Vila Praia de Âncora, no concelho de Caminha foram vandalizadas.
O caso motivou uma posição da oposição social-democrata naquele concelho. O PSD manifestou o seu “total repúdio” pelo “ato de vandalismo”, mas adiantou que “desde o primeiro momento que o partido, nos diferentes órgãos municipais onde está representado, pugnou pela não inclusão do concelho na empresa”.
“Desde o primeiro momento que alertamos para os aumentos que todos teríamos de pagar, por via dos pressupostos inerentes à criação desta empresa. Desde o primeiro momento que estivemos contra e em sede própria votamos contra tanto no órgão da Câmara através dos nossos vereadores, como em Assembleia Municipal através dos nossos deputados”, sustenta a nota.
Nas últimas semanas têm surgido movimentos cívicos de contestação à nova empresa que, em Viana do Castelo, capital de distrito, tem como principal opositora a CDU.