A Câmara de Vila Nova de Cerveira e o movimento cívico SOS Serra d’Arga reforçaram, hoje, em comunicado conjunto, a contestação à prospeção e exploração de lítio e de outros minerais naquela zona do Alto Minho.
A nota, enviada à imprensa no final de uma reunião hoje realizada entre o presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira e o movimento cívico, refere que o encontro serviu “para reforçar a posição política e técnica contra a exploração de lítio no concelho e no Alto Minho”.
“O concelho de Vila Nova de Cerveira tem memória histórica com o exemplo de Covas, pois ainda hoje se vivem as consequências nefastas da mineração realizada no século passado””, afirmou o presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, Fernando Nogueira, citado no documento.
O autarca assegurou que a câmara “está a trabalhar, conjuntamente com os municípios de Caminha, Ponte de Lima e Viana do Castelo, numa candidatura que visa a valorização da Serra d’Arga, com o objetivo único de preservar o património e minimizar a desertificação do território”.
Em causa está o projeto “Da Serra d’Arga à Foz do Âncora”, que envolve os municípios de Caminha, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Vila Nova de Cerveira e Paredes de Coura, liderado pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.
Aquele projeto incide “sobre o território classificado como Sítio de Importância Comunitária da Rede Natura 2000 Serra d’Arga, correspondendo a uma área com 4.493 hectares, totalmente inserida na sub-região do Alto Minho, e cuja conservação florística e faunística é imperativa”.
A Serra d’Arga, no distrito de Viana do Castelo, abrange uma área de 10 mil hectares, dos quais 4.280 hectares encontram-se classificados como Sítio de Importância Comunitária.
O porta-voz do movimento cívico SOS Serra d’Arga, Carlos Seixas fez um balanço “muito positivo” das reuniões que manteve com aquela autarquia, e com as Câmaras de Ponte de Lima e Caminha.
“Autarquias estão alinhadas na contestação ao lítio”, disse Carlos Seixas, citado na nota, acrescentando que “estes encontros servem para reforçar a posição das câmaras municipais, pois nos pareceres enviados em julho à Direcção-Geral de Energia e Geologia, já foram reveladores os receios e preocupações quer para com as pessoas, quer para com o território”.
O movimento cívico manifestou “total disponibilidade para contribuir para a conservação e valorização da Serra d’Arga”.
Cerca das 18:50, ainda decorria um outro encontro entre o movimento SOS Serra d’Arga e a autarquia de Paredes de Coura. A audiência com o presidente da Câmara de Viana do Castelo ainda aguarda marcação.
Em janeiro, o Governo anunciou que irá realizar um roteiro para apresentação dos princípios base da nova lei das minas junto das autarquias diretamente envolvidas.
Os contactos com aqueles municípios têm como objetivo, segundo o movimento de cidadãos, “concertar estratégias, no sentido de impedir o que considera ser uma severa ameaça à sustentabilidade do território e economia desta região”.
No início de janeiro foi divulgado o nome dos nove lugares abrangidos pelo concurso público para exploração do lítio, para além dos dois contratos já anunciados em Montalegre e Boticas.
Serão abrangidas as áreas de Serra d’Arga, Barro/Alvão, Seixo/Vieira, Almendra, Barca Dalva/Canhão, Argemela, Guarda, Segura e Maçoeira.
No distrito de Viana do Castelo, também o Movimento de Defesa do Ambiente e Património do Alto Minho contesta a prospeção e exploração de lítio na Serra d’Arga.