Centro de Criomicroscopia Eletrónica em Portugal pode ficar em Braga

Um grupo de especialistas e instituições quer criar um Centro Nacional para a Criomicroscopia Eletrónica aplicada às ciências da vida e saúde para “elevar o patamar da ciência” em Portugal e para “atrair e reter” talento no pais.

Em declarações à Lusa, o investigador do INL – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, em Braga, onde poderá aquele centro ficar instalado por uma questão de “oportunidade, Paulo Ferreira explicou que a criomicrospia eletrónica “permite congelar ou arrefecer amostras a uma temperatura de 200 graus negativos e que isso é extremamente importante para a área da biologia” e para “entender estruturas de vírus, bactérias, enzimas ou doenças como a tuberculose ou o Alzheimer”.

Paulo Ferreira referiu que a Criomicroscopia Eletrónica “permite ainda resoluções muito grandes, na ordem dos 50 milhões de vezes”, sendo uma técnica que existe apenas em países como a Alemanha, França ou Inglaterra.

“Além de elevar o patamar da ciência em Portugal seria como pôr um alfinete no mapa. Seria único, por exemplo, na Península Ibérica e toda a comunidade científica ligada às ciências da vida não têm qualquer hipótese de fazer esse tipo de trabalho”, disse.

Segundo apontou, o custo do material ronda os nove milhões de euros sendo que a solução “passa por tornar isto um projeto nacional e não de uma instituição ou duas em particular”.

A “única hipótese” é mandar para os países que possuem a tecnologia as amostras para análise: “Algo que tem custo incomportáveis e muitas vezes acaba por não ser viável por degradação das amostras durante a viagem”.

Por isso, salientou, “este tem que ser, sem dívida, um projeto nacional”.

O investigador explicou que o facto do referido centro poder ficar instalado no INL é uma “questão de oportunidade” e de poupança-

“A razão de ser o INL o anfitrião tem a ver com o facto de já ter as salas. As máquinas são extremamente sensíveis e numa sala que não está preparada para as receber é preciso investir quatro milhões de euros. Em duas máquinas teriam que se gastar oito milhões, ora o INL é recente, já tem essa infraestrutura”, realçou.

O “primeiro passo” para a criação de um Centro Nacional para a Criomicroscopia Eletrónica aplicada às ciências da vida e saúde foi dado hoje, numa reunião no INL que juntou cientistas de onze Universidades e institutos nacionais do norte a sul de Portugal, desde a Universidade Nova de Lisboa à Universidade do Porto, Instituto Gulbenkian de Ciência, Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, Universidade do Minho, Universidade do Algarve, Universidade de Coimbra, Universidade de Lisboa, Universidade da Beira Interior, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e Fundação Champalimaud.

“Para além destes cientistas, várias empresas manifestaram já o seu apoio e interesse numa futura utilização deste centro”, referiu Paulo Ferreira.

 
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