Centenas de pessoas saíram às ruas de Braga, Viana do Castelo, Guimarães, Fafe, Famalicão, Esposende, Arcos de Valdevez e Caminha para assinalar o centenário do PCP, iniciativa que decorreu em 100 pontos distintos do país.
Braga foi o local mais concorrido, com mais de uma centena de “comunistas e democratas” que alinharam na iniciativa, conforme contou a O MINHO Belmiro Magalhães, membro da Comissão Politica do Comité Central e responsável pela Organização Regional de Braga.
“Uma data bonita que teve um formato com cinco ações diferentes no distrito de Braga, onde participaram largas centenas de comunistas e democratas no conjunto das diversas iniciativas”, afirmou, apontando para “mais de 100” em Braga e Guimarães e “cerca de meia centena” em Fafe, Esposende e Famalicão.
De acordo com o responsável, esta iniciativa levada a cabo um pouco por todo o país serviu não só para comemorar a data mas também para “projetar o enorme e importante património de história e de 100 anos de luta que o PCP já leva e uma parte importante dos quais, 48, passados depois da ditadura fascista”.
Relembra ainda o papel do partido na “instauração da democracia e na defesa das conquistas de Abril”, segundo o qual é uma “batalha que ainda hoje persiste”.
Belmiro Magalhães deu conta de que os discursos incidiram em vários aspectos, desde os problemas dos concelhos do distrito, pela voz dos representantes das comissões concelhias, como também dos problemas dos jovens, pela voz da JCP.
“Falamos dos problemas da atualidade que se têm vindo a agravar, e a epidemia tem servido de causa mas também de pretexto para o agravamento”, refere, apontando dedos ao PS por “seguir com políticas de direita que já vigoravam”.
Diz ainda que esta iniciativa serviu para apontar as “manobras de CDS, PSD, IL e Chega que, sedentos de poder, tudo fazem para degradar a situação sem apresentar projetos alternativos”.
“Afirmamos do ponto de vista ideológico um conjunto de valores que temos, os ideais da liberdade, justiça e democracia, socialismo e comunismo que é o nosso projeto de sociedade, e também sobre os desafios internos de organização”, apontou.
“Sendo o PCP com 100 anos de história, é mesmo assim muito jovem, com ideal atraente, repleto de atualidade, e um partido cheio de futuro”, finalizou.
Jerónimo quer intensificar “todas as lutas” e recusa papel de apoio ao PS
Os discursos em Braga estavam alinhados com os da direção nacional do partido. Jerónimo de Sousa reafirmou hoje, dia do centenário do partido, a fidelidade ao marxismo-leninismo, recusou ser “força de apoio” do PS e pediu “a intensificação da luta, de todas as lutas”.
“Há muito provámos que as vitórias não nos fazem descansar e as derrotas não nos fazem render. Nós, comunistas, sabemos: vale a pena lutar. Sabemos que o futuro não acontece, constrói-se e conquista-se”, afirmou Jerónimo no final de um discurso de mais de meia hora, no Rossio, em Lisboa, num comício para assinalar os 100 anos do PCP.
Logo no início, quando explicou o motivo da longevidade do partido, 100 anos depois, Jerónimo de Sousa sublinhou a filiação a “uma teoria revolucionária, o marxismo-leninismo”, e, depois de fazer um elogio à experiência do entendimento à esquerda, com os socialistas, de 2015 a 2019, também sublinhou que o PCP não é “força de apoio ao PS”.
“Nem instrumento ao serviço dos projetos reacionários do PSD, CDS e seus sucedâneos. Somos a força da alternativa patriótica e de esquerda”, disse.
E ao falar do projeto do PCP, de “verdadeira alternativa”, pediu “a convergência dos democratas e patriotas”, que “não se conformam com um país reduzido a uma simples região da União Europeia” e pediu luta.
É uma alternativa que, disse, “reclama a intensificação e alargamento da luta, de todas as lutas, pequenas e grandes, da classe operária, dos trabalhadores”, em torno da “grande central sindical”, a CGTP.
*Com Lusa.