A centenária Feira de Artesanato da Romaria da Senhora d’Agonia vai voltar a realizar-se presencialmente em Viana do Castelo, de 07 a 22 de agosto, depois da interrupção em 2020 devido à pandemia de covid-19, foi hoje anunciado.
Em comunicado, a organização adianta que a entrada no recinto da feira será controlada e condicionada e que a feira
deste ano destina-se exclusivamente a artesãos do concelho.
De acordo com o regulamento da feira, disponível no site oficial da Romaria da Agonia, esta volta a realizar-se no Jardim Público, promovida pela VianaFestas e pela Comissão de Festas da Romaria da Senhora d’Agonia.
As inscrições dos artesãos, de caráter obrigatório, vão decorrer de 09 a 30 de junho.
Em 2020, a feira que remonta a 1917 realizou-se através de uma plataforma digital, em alternativa ao jardim marginal de Viana do Castelo, devido à pandemia de covid-19. Nesse ano, a capital do Alto Minho não festejou nas ruas, pela primeira vez em 248 anos, os números emblemáticos da Romaria d’Agonia.
Este ano, a feira “tem a particularidade de ser destinada à exposição de trabalhos de artesãos exclusivamente do concelho de Viana do Castelo e obriga a que todos os artigos expostos apresentem “no mínimo 50% de trabalho artesanal/manual no seu produto final”.
Durante “a feira, para garantir a autenticidade dos produtos, em termos de bordados, só será permitida a exposição e comercialização de peças feitas manualmente, enquanto na filigrana apenas a utilização de peças certificadas como tal, em metal precioso ou não precioso, e todas as imitações de filigrana serão excluídas”.
“Temos noção da importância desta feira para os nossos artesãos, sobretudo depois das dificuldades de um ano como o de 2020, e por isso, este ano, teremos expositores só de Viana do Castelo”, sublinhou António Cruz.
A Mostra de Artesanato das Festas de Nossa Senhora d’Agonia remonta a 1917, quando se realizou a primeira exposição de lavores regionais, então organizada pela Cruzada das Mulheres Portuguesas de Viana do Castelo. Os arquivos da altura mostram que os trabalhos expostos eram, essencialmente, rendas de bilros e bordados em algodão em pano de linho.
Os típicos e garridos trajes à Vianesa, os primeiros do país a conseguir a certificação, são um dos motivos de atração da mostra centenária que antecede a Romaria d’Agonia que “este ano vai decorrer entre 19 e 22 de agosto, continuando condicionada na realização de eventos presenciais pelas restrições impostas pela pandemia de covid-19, embora com a previsível realização de alguns eventos ao vivo”.
O traje assume-se como um símbolo tradicional da região, nas suas várias formas, consoante a ocasião e o estatuto da mulher. Em linho e com várias cores características, onde sobressai o vermelho e o preto, era utilizado pelas raparigas das aldeias em redor da cidade de Viana do Castelo.
As características deste traje, como o seu colorido e a profusão de elementos decorativos, permitem identificar facilmente a região de origem, no concelho, motivo pelo qual se transformou, segundo os especialistas, “num símbolo da identidade local”.
A certificação do traje à Vianesa, com origem no século XIX, foi publicada em Diário da República no final de 2016.