O secretário-geral do PCP afirmou hoje em Lisboa que a CDU teve “um resultado de resistência”, perante um quadro marcado pelo perigo “da intensificação da agenda retrógrada, neoliberal e antissocial”.
Paulo Raimundo disse que a eleição de três deputados pela CDU (coligação que junta comunistas e “Os Verdes”) é “um resultado de resistência”, admitindo que o carinho e respeito com que foram acolhidos durante a campanha não se traduziu nos votos que precisavam.
“Nós precisamos de resistir para avançar. O primeiro passo está dado. Resistimos e agora vamos procurar avançar”, disse o secretário-geral do PCP, que começou a falar à comunicação social acreditando na eleição de António Filipe como quarto deputado, que não se viria a confirmar ainda no decorrer das suas declarações, perdendo um mandato face a 2024.
A falar numa sala de hotel à frente da sede do PCP em Lisboa, o líder comunista assumiu que a maioria da Assembleia da República composta por AD, Chega e Iniciativa Liberal (IL), “independentemente dos arranjos que se venham a verificar entre essas forças, comportam o perigo da intensificação da agenda retrógrada, neoliberal e antissocial”.
Recusando falar em vitória ou derrota, Paulo Raimundo apontou para um quadro exigente, antevendo um combate a uma “revisão subversiva da Constituição da República” (AD, Chega e IL têm mais de dois terços necessários para uma revisão constitucional).
Analisando a evolução dos resultados face a 2024, Paulo Raimundo considerou que o resultado obtido pela AD, que venceu as legislativas, foi “alcançado pela instrumentalização da ideia da estabilidade governativa”, associado “à falta de credibilidade do PS, que não só não assumiu um caminho distinto, como antecipadamente se mostrou disponível para viabilizar o seu Governo”.
Já o resultado do Chega, disse, é “inseparável dos meios financeiros, mediáticos e outros que hoje estão colocados pelo capital ao serviço da promoção de um quadro de valores reacionários e antidemocráticos, favorecendo forças que alimentam a demagogia, a mentira, a manipulação e o ódio”.
O secretário-geral do PCP considerou que será necessária “uma ação comum de democratas e patriotas” para enfrentar “a política de direita”.
“Este não é o tempo para dar a mão à direita e dar suporte à sua política antipopular. Este é o tempo de combate”, vincou.
No entanto, Paulo Raimundo, quando questionado sobre união à esquerda, escusou-se a clarificar que diálogo poderá surgir.
Apesar de dizer que “todos são poucos para a batalha para enfrentar a direita” e que “todos os que vierem para esse combate serão bem-vindos”, o líder comunista disse que a CDU não ficará “à espera de ninguém”.
“Vamos tomar a iniciativa, como sempre o fizemos, de combate e proposta. É isso que nós vamos fazer. Vamos fazê-lo amanhã nas ruas, vamos fazê-lo na Assembleia da República e em todas as áreas de intervenção”, vincou.
Paulo Raimundo afirmou que está “aberto ao diálogo, mas nos locais de trabalho”, nos centros de saúde e hospitais, entre outros locais.
“Os resultados não foram o que nós precisávamos de ter tido mais votos e mais força, mas isso não belisca em nada este extraordinário coletivo”, frisou o líder comunista, cujas respostas à comunicação social terminaram invariavelmente com palavras de ordem e aplausos dos apoiantes que enchiam a sala.