O candidato da CDU à Câmara de Braga, João Batista, acusou hoje as restantes forças políticas de “demagogia” na campanha eleitoral que já decorre.
“Na opinião da CDU, não pode valer tudo numa campanha eleitoral. A campanha eleitoral deve ser uma fase de prestação de contas do trabalho realizado e de afirmação de soluções para os problemas existentes no concelho. Não é aceitável que algumas forças políticas e candidatos tentem colocar o ‘conta quilómetros a zero’, ignorando simplesmente as suas responsabilidades em opções erradas que foram tomadas ou na rejeição de propostas necessárias”, referiu o candidato comunista numa conferência de imprensa realizada no Centro Coordenador de Transportes de Braga.
O local foi escolhido para alertar para a retirada de uma paragem de autocarros do local pela Câmara para “beneficiar um grande grupo hoteleiro”.
“A CDU pretende alertar a população de Braga para não se deixar confundir com esta prática levada a cabo por PSD/CDS, PS, IL, Chega e pelo candidato Ricardo Silva”, disse ainda, citado em comunicado enviado a O MINHO.
A candidatura elencou vários exemplos de “demagogia” das candidaturas já conhecidas.
“João Rodrigues e coligação PSD/CDS anunciaram diversas promessas, entre as quais a gratuitidade dos transportes públicos, a construção da variante do Cávado, construção de habitação a preços acessíveis. Qual o posicionamento da coligação municipal liderada pelo PSD quando a CDU defendeu o fim da coroa 2 e o englobamento na coroa 1 dos TUB? O que tem João Rodrigues a dizer quando o Grupo Parlamentar do PSD na Assembleia da República rejeitou a proposta do PCP em votação na especialidade do Orçamento de Estado para inclusão da Variante do Cávado?”, notou.
E acrescentou: “Como pode a coligação que junta PSD e CDS dizer que dinamizar a construção de habitação a preços acessíveis quando se prepara para terminar o mandato sem tão-pouco ter construído uma única nova habitação a custos controlados?”.
João Batista acusa ainda António Braga e o PS de terem “memória curta”. “O PS e António Braga têm graves responsabilidades em opções erradas, incluindo matérias irreversíveis, como a construção desordenada em algumas partes da cidade. Uma das dimensões mais negativas da gestão autárquica do PS na era Mesquita Machado e António Braga, então presidente da Assembleia Municipal, foram diversas privatizações e negócios ruinosos, entre os quais a entrega da AGERE a privados. Quando recentemente António Braga e o PS vieram a público defender a re-municipalização da AGERE, tal como a CDU tem vindo a defender há anos, tal apenas pode significar um profundo complexo de culpa ou um enorme oportunismo político que não pode passar sem denúncia.
Quando se criou a SGEB, no tempo de Mesquita Machado, António Braga esteve em sintonia com esta PPP. Quando se concessionou o parqueamento público à superfície à empresa ESSE, Mesquita Machado e António Braga estavam em sintonia. Estas PPP que se mostraram ruinosas para as contas públicas municipais foram revertidas nos dois últimos mandatos e ficou por fazer o mesmo com 49% da AGERE. Agora, como no período pré eleitoral de há quatro anos atrás, o PS volta a defender a remunicipalização da AGERE”, frisou.
Também deixou críticas ao liberais, que são liderados nestas eleições à autarquia bracarense por Rui Rocha.
“Rui Rocha e IL têm vindo a falar em fazer de Braga a capital do Norte. Um slogan que pode dar bons títulos de imprensa mas que não passa disso mesmo. Com a sua posição contrária à regionalização, a IL contribui para que a região continue mais vulnerável às opções dos sucessivos governos que adiam os investimentos necessários, por um lado, e impede que se possa criar a solução administrativa necessária para dar voz a Braga e aos seus problemas. Cabe ainda perguntar o que é que Rui Rocha e a IL fizeram para que Braga pudesse desenvolver-se mais e melhor? Enquanto deputado, quais as propostas e iniciativas que Rui Rocha apresentou no hemiciclo em prol do distrito de Braga?”, questionou.
E disse ainda: “Lamentavelmente, ficou-se pela defesa de opções de ataque aos serviços públicos, às funções sociais do Estado e aos direitos laborais, que, a serem concretizadas, mais fariam Braga aproximar-se de uma “república das bahamas” do que de uma capital desenvolvida. Aqui trazemos o exemplo da vontade obstinada de voltar a PPP para o Hospital de Braga”.
Visou ainda o candidato independente, atual presidente da Junta de Freguesia de São Victor, a maior do concelho. “Ricardo Silva tem tido posições pouco interventivas como presidente de junta na Assembleia Municipal e as votações a favor do GOP e do orçamento municipal onde por diversos anos, à excepção deste último, votou ao lado da Coligação liderada pelo PSD, demonstra um alinhamento com as políticas e orientações programáticas deste executivo. O caso do espaço Supera, que marcou este último mandato, tomou posições ambíguas ora a favor ora contra, não deixam os cidadãos descansados quanto à coerência das suas posições”, sublinhou.
Quanto a Filipe Aguiar, candidato do Chega, a CDU acusa o partido de ter passado o mandato “inteiro” sem “praticamente qualquer intervenção na Assembleia Municipal, onde está representado”.
“O Chega foi neste mandato uma força quase sempre ausente (basta consultar as atas da AMB dos últimos dois anos e verificar as faltas de comparência desta força política). Quando presentes, os seus deputados tinham uma atitude passiva, sem intervenção nem propostas, tendo sido objetivamente um suporte das principais opções da coligação municipal liderada pelo PSD, viabilizando documentos estruturantes ou optado por se abster”, notou.
Por isso, a CDU disse apresentar-se como a “autoridade de uma força política com um património de intervenção ao serviço das pessoas de Braga, com décadas, com coerência de mandato para mandato e apenas com uma cara, seja em Braga, seja na Assembleia da República”.
“O facto de as forças e candidatos virem agora demagogicamente defender propostas similares às propostas antes apresentadas pela CDU e recusadas com os seus votos, como acontece com João Rodrigues e PSD/CDS, não pode iludir as suas opções anteriores. Faltam três meses para as eleições autárquicas. É momento de deixar claro aos bracarenses com quem podem contar”, concluiu.
As eleições autárquicas estão marcadas para 12 de outubro.