O líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, recomendou hoje ao ministro das Infraestruturas e da Habitação que não desconfie da iniciativa privada no processo de gestão da TAP e que tenha”sentido de Estado”.
“Recomenda-se ao ministro das infraestruturas que não olhe para os empresários como inimigos, que não desconfie da iniciativa privada porque nas funções que ocupa cabe usar de sentido de estado, que é uma coisa que infelizmente o ministro Pedro Nuno Santos se tem esquecido, sobretudo no tratamento político e na relação com a oposição”, considerou hoje Francisco Rodrigues dos Santos no fim de uma visita à empresa Apametal, na freguesia de Rio de Mouro, em Sintra.
Na terça-feira, Pedro Nuno Santos disse no parlamento que o Estado vai partir para uma negociação com a TAP e que não se pode excluir qualquer cenário para a companhia aérea, inclusivamente a insolvência.
Rodrigues dos Santos confessou que tem “alguma dificuldade em atribuir credibilidade” às afirmações do ministro das Infraestruturas e Habitação a propósito da TAP, considerando evidente que o Estado terá que chegar a um compromisso com a administração da companhia aérea.
“Haja diálogo estruturado, biunívoco e salubre entre a administração da TAP e o Estado, sendo certo que como bem sabemos a TAP é uma empresa pública e que por essa mesma razão o ministro Pedro Nuno Santos não pode descartar a responsabilidade na gestão dado que também tem assento nesse conselho de administração”, vincou o dirigente.
O CDS recusa qualquer obrigação do Estado em “enterrar dinheiro” público na TAP “de forma desregrada e sem qualquer tipo de critério”, defendendo rigor nos apoios em função das necessidades bem como uma “coresponsabilização” entre o privado e o Estado.
Questionado sobre a polémica do Novo Banco na relação política entre António Costa e o ministro das Finanças, Mário Centeno, depois da transferência de 850 milhões de euros para o Fundo de Resolução com destino à instituição, Rodrigues dos Santos disse esperar que o assunto esteja “arrumado”, que este nunca deveria ter acontecido apelando à união do governo.
“O que se pede ao governo é que dê o exemplo ao país, sobretudo naquilo que pede aos portugueses , que é união. Portanto eu espero que esse assunto seja definitivamente arrumado, e que não se alimentem mais temas laterais que não resolvem os problemas das pessoas”, frisou o líder.
No parlamento, na terça-feira, falando sobre a TAP, Pedro Nuno Santos disse que o Estado português iria partir para uma negociação sem “excluir nenhum cenário” inclusivamente “o da própria insolvência da empresa, porque obviamente o Estado não pode estar capturado, algemado numa negociação com privados”.
O governante disse também que é preciso, em primeiro lugar, clarificar com o acionista privado qual é a sua disponibilidade para acompanhar a intervenção pública, questão à qual, segundo o ministro, a TAP ainda não respondeu.
No dia 13 de maio, o secretário de Estado do Tesouro, Álvaro Novo, disse que o Governo espera ter uma decisão sobre a injeção de dinheiro na TAP, companhia aérea que quase parou devido à covid-19, em meados de junho, esperando que haja uma melhor “fundamentação técnica” do pedido de auxílio da companhia aérea ao Estado até ao final do mês.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, defendeu em 12 de maio que uma injeção repartida entre o acionista privado e o Estado seria “a forma mais tranquila de conversar” sobre uma capitalização da TAP.
O primeiro-ministro, António Costa, por seu turno, assegurou no início de maio que só haverá apoio à TAP com “mais controlo e uma relação de poderes adequada”, mas disse que a transportadora aérea continuará a “voar com as cores de Portugal”.
Atualmente, devido à pandemia de covid-19, a TAP tem a sua operação suspensa quase na totalidade e recorreu ao ‘lay-off’ simplificado dos trabalhadores.
O líder do CDS visitou hoje a empresa Apametal, cuja produção está direcionada para a implementação de programas de imagem corporativa, tais como letreiros luminosos ou sinalética exterior e interior para vários sectores de atividade mas que desde o início da pandemia se adaptou.
A empresa tem investido na produção de viseiras para uso hospitalar, tendo sido feitas várias doações nomeadamente ao hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra).