O Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Braga, assim como o de Vila Real, em Trás-os-Montes, recusou hoje não ter atendido a chamada da NAV sobre o acidente de Valongo, garantindo ter operadores “em permanência 24 horas por dia”.
Em declarações à Lusa, o comandante do CDOS de Braga, Hermenegildo Abreu, garantiu que “qualquer chamada” ali recebida “é atendida conforme a sequência de entrada”, considerando por isso “muito estranho” que a NAV, empresa que gere a navegação aérea, diga que aquela entidade “não atendeu” uma chamada feita ao fim da tarde de sábado devido à perda de contacto com o helicóptero do INEM que caiu em Valongo.
Cronologia: Em 2012, a queda de uma aeronave causou dois mortos em Braga
Para o comandante do CDOS de Vila Real, Álvaro Ribeiro, é também “muito esquisito” que uma chamada de quem quer que seja não tenha sido atendida, porque “a sala de operadores tem sempre dois operadores em permanência, 24 sobre 24 horas”.
“Temos um telefone nos serviços administrativos e mesmo esse, se for contactado e não houver atendimento, está programado para reencaminhamento para a sala de operações, onde temos sempre, em permanência, pelo menos dois operadores”, afirmou o comandante do CDOS de Vila Real.
“Não tenho conhecimento de nada. Desculpe a expressão, mas dizerem que não atendemos é uma coisa que não consigo encaixar”, vincou.
Álvaro Ribeiro considera “esquisita” a informação de que uma chamada para aquele CDOS não foi atendida.
“Temos sempre, pelo menos, dois operadores. Nada me foi comunicado, nem verbalmente nem por escrito, sobre o caso de Valongo. Não temos nada comunicado ou registado”, assegurou.
O comandante do CDOS de Braga considera “muito estranho” que a NAV diga que aquela entidade não atendeu a chamada feita a propósito da queda do helicóptero do INEM em Valongo.
“É quase impossível [que uma chamada não tenha sido atendida]. As chamadas são sempre atendidas. Acho muito estranho”, observou.
Segundo o comandante, “qualquer chamada é sempre atendida” pelos “operadores de serviço 24 sobre 24 horas”.
“Não temos qualquer registo dessa chamada”, notou.
A Lusa tentou também, sem sucesso, contactar o comandante do CDOS do Porto.
A NAV, que gere a navegação aérea, revelou hoje que, pelas 19:20 de sábado, foi tentado o contacto com os CDOS do Porto, Braga e Vila Real “que não atenderam”.
“Só após contactar o CDOS de Coimbra, que reencaminhou a chamada para o Porto, é que se conseguiu contactar o CDOS do Porto”, vincou a NAV.
A NAV revelou hoje que alertou meia hora após a perda de contacto com o helicóptero do INEM, entidades como a Proteção Civil e a Força Aérea para a falha de comunicação com o aparelho.
Segundo a NAV, à 19:40 foi avisada a Força Aérea Portuguesa, “que é quem ativa a busca e salvamento”, 20 minutos depois de terem sido contactados os CDOS do Porto, Braga e Vila Real, que “não atenderam”.
Segundo o INEM avançou no sábado, a aeronave estava desaparecida desde as 18:30.
A queda de um helicóptero do INEM, ao final da tarde de sábado, no concelho de Valongo, distrito do Porto, causou a morte aos quatro ocupantes.
A bordo do aparelho seguiam dois pilotos e uma equipa médica, composta por médico e enfermeira.
A aeronave em causa é uma Agusta A109S, operada pela empresa Babcock, e regressava à sua base, em Macedo de Cavaleiros, Bragança, após ter realizado uma missão de emergência médica de transporte de uma doente grave para o Hospital de Santo António, no Porto.
Este é o acidente aéreo mais grave ocorrido este ano em Portugal, elevando para seis o número de vítimas mortais em acidentes com aeronaves desde janeiro.