A coordenadora bloquista, Catarina Martins, garantiu este sábado que, “onde a direita quer a lei da selva”, será “a força do BE que vai defender quem trabalha”, recusando que a legislação laboral trate os jovens como “carne de canhão”.
No Porto, círculo eleitoral pelo qual Catarina Martins volta a ser cabeça de lista nas eleições legislativas de 30 de janeiro, o BE promoveu esta tarde um dos maiores comícios até agora desta campanha, com um discurso duro apontado à direita e com foco nos mais jovens e na legislação laboral.
“A mentira da direita de que o que falta às gerações mais jovens para não viverem com o coração nas mãos, do contrato de trabalho que nunca chega ou do salário que nunca chega, depende do mérito ou da qualificação ou de ser um colaborador disponível, é só mesmo isso: uma mentira para o abuso, uma mentira para manter quem trabalha sem direitos, para manter quem trabalha sem salário e é contra a mentira que aqui estamos”, afirmou, prometendo lutar “por um país com direitos”.
Para Catarina Martins, “um estágio é um estágio” e depois deste “tem de vir um contrato de trabalho”, criticando ainda o longo período experimental em vigor e os contratos a prazo sucessivos.
“Onde a direita quer a lei da selva é a força do Bloco de Esquerda que vai defender quem trabalha”, prometeu, num claro apelo ao voto das gerações mais jovens e precárias.
O que falta em Portugal, segundo a líder do BE, “não é nem a qualificação das gerações mais jovens”, nem “o mérito de quem trabalha e dá tudo no seu trabalho” e muito menos “empenho e vontade”.
“O que falta sim é a lei do trabalho e a inspeção do trabalho que respeite todas as gerações e que não diga que os mais jovens são carne de canhão de uma economia de baixos salários que não dá perspetivas a ninguém”, afirmou.
Catarina Martins lamentou que Portugal coloque “escolhas impossíveis quando condena os seus trabalhadores a contratos precários”, defendendo a urgência de condições de trabalho dignas e também de salários dignos para evitar que as mais jovens gerações queiram emigrar.
A bloquista lamentou que “a maior parte dos recibos verdes seja tudo menos trabalho independente”, assim como o recurso às empresas de trabalho temporário ou mesmo quem não tem sequer qualquer contrato como nas áreas do turismo e da restauração.
“Esta realidade tira horizonte, tira esperança”, afirmou, criticando as “horas cada vez mais longas e o salário nem por isso maior”.
Esta “realidade dura de abuso permanente sobre geração após geração não tem de ser assim”, considerou a líder bloquista, defendendo que se trata de uma “escolha política”.
“Estas eleições são sobre essa escolha e se decidimos ou não fazer frente ao abuso e decidir se os trabalhadores são todos respeitados”, disse, apontando às “ideias extraordinárias” da direita que “tentou convencer as gerações mais jovens que se se tiver mérito, vai-se lá”.