Foi lançado, no passado dia 20, concurso público o para a realização da primeira fase da obra de requalificação do Castelo de Vizela. O histórico edifício vizelense, também conhecido como Castelo da Ponte, vai albergar um museu da luta pela autonomia administrativa, um restaurante e um café-concerto. Nos terrenos por trás do “Castelo” nascerá um novo edifício destinado a receber uma coleção de mais de mil motas antigas.
O concurso, no valor de 2,5 milhões de euros, prevê um prazo de um ano e meio para a conclusão da empreitada. Na apresentação, a Câmara Municipal de Vizela fez saber que obra visa a recuperação integral do edifício, mantendo a sua aparência exterior, preservando “a grande maioria dos elementos arquitetónicos”.
A parte interior do edifício encontra-se muito degradada, depois de ter estado, durante vários anos, devoluto. Anteriormente, o espaço foi usado como local de diversão (Mourisco Club), depois como colégio privado e, mais recentemente, como habitação e armazém de vinhos.
O Castelo da Ponte fica situado na freguesia de S. João e foi construído no início do século XX, por volta de 1905, a mando do vizelense Armindo de Freitas Ribeiro de Faria, fortemente envolvido com a causa da autonomia administrativa. O objetivo era instalar naquele local os Paços do Concelho. A ideia inicial viria a nunca se concretizar, até porque Vizela só conquistaria a autonomia administrativa face a Guimarães, a 19 de março de 1998.
O Castelo da Penha, “um edifício emblemático”, nas palavras do presidente da Câmara, Victor Hugo Salgado, foi adquirido pelo Município, em 2008, aos herdeiros de Armindo de Freitas Ribeiro. Até se tomar a decisão de avançar para esta obra, falou-se na instalação de um centro empresarial, de uma biblioteca e de um museu de história local.
Nenhum destes projetos avançou e, em 2019, chegou a ser aprovada uma deliberação, em reunião de Câmara, para por o edifício à venda. Nessa altura, falou-se no aproveitamento para uma unidade hoteleira. Em 11 de julho de 2020, um incêndio consumiu a ala sul do “Castelo”, danificando irremediavelmente algumas partes do seu interior.
A falta de candidatos à compra acabou por evitar que o edifício acabasse transformado num hotel. Em vez disso, os 890 metros quadrados de implantação, estendidos ao logo de quatro pisos vão albergar um restaurante, um café concerto e um miradouro. No torreão será instalado o Museu da Luta Autonómica. O arruamento, na zona frontal, vai ser remodelado de forma a dar lugar a uma praceta.
Na segunda fase avança o Museu da Mota
Por trás do “Castelo”, na segunda fase da intervenção, vai nascer uma nova construção, com 1.490 metros quadrados de implantação e dois pisos, destinada a receber o Museu da Mota. “Por se tratar de um edifício muito simples, de linhas retas, não vai roubar importância ao ‘Castelo’, esclareceu o presidente do Município na apresentação”. A Câmara prevê avançar com esta obra em 2024 e o orçamento estimado é de 3,4 milhões de euros.
O recheio deste espaço museológico será garantido pela coleção do empresário vizelense José Pereira que reúne mais de 1.000 exemplares. A coleção, está guardada num pavilhão com 2.400 m2, onde já não cabem as novas aquisições, por isso a proposta da Câmara de Vizela foi bem recebida pelo colecionador.
Entre as muitas peças com valor histórico que poderão vir a ser expostas no museu está uma mota de 1901 (a mais antiga da coleção), a primeira Vespa que foi importada para Portugal e diversos modelos da conhecida marca bracarense Pachancho.
Para o presidente da Câmara faz todo o sentido reunir este museu ao Castelo da Ponte, pelo que pode significar para o turismo do concelho. “Colocar um museu com esta qualidade, dimensão e expressão, pode tornar-se uma grande mais-valia para o turismo do concelho”, aponta. “Vamos ter mais uma âncora que vai além do turismo termal, gastronómico, de natureza ou religioso e que tem muitos aficionados”, aponta Victor Hugo Salgado.