Roberto Pinto da Costa, major no Regimento de Cavalaria n.º 6 (RC6, inspetor da Polícia Judiciária Militar (PJM) e residente em Braga, está acusado de cinco crimes pelo Ministério Público (MP) no âmbito do caso da encenação de recuperação das armas de guerra em Tancos. O MP acrescenta que o agora bracarense, nascido em Vila Verde, teve “um envolvimento intenso na preparação da farsa da recuperação do material”.
Na acusação, a que O MINHO teve acesso, Pinto da Costa responde por dois crimes de detenção de arma proibida, este em autoria singular, e, em autoria conjunta, pelos crimes de associação criminosa, tráfico e mediação de armas e falsificação ou contrafação de documento.
O major do exército, assim como outros 13 arguidos – entre os quais o antigo ministro da Defesa e o ex-diretor da PJM – é suspeito da encenação que esteve na base da recuperação de grande parte do material roubado nos paióis de Tancos.
Está também suspenso temporariamente de funções, de acordo com nota da Procuradoria Geral da República, sendo que o MP pediu pena acessória de proibição de exercício de funções a todos os arguidos da PJM e da GNR.
O MP dá conta de que este militar sabia, com um mês de antecedência, que estava a ser preparado um assalto àquelas instalações militares, depois de ter recebido uma dica de um inspetor da Polícia Judiciária (PJ).
De acordo com o Diário de Notícias, Pinto da Costa terá informado, no dia do assalto, o seu diretor, coronel Luís Vieira – também arguido -, que lhe tinham dito que poderia ocorrer um furto, mas nada fizeram para o prevenir.
O MP refere que, após o assalto e em conjunto com outros arguidos da PJM, urdidam um plano para encenar uma recuperação, de forma a que a PJM saísse por cima de todo este caso que abalava os alicerces políticos em julho de 2017.
Segundo escreveu o Semanário V em 2018, uma parte do plano passava por um voto de louvor da Presidência da República aos militares que recuperassem as armas, entre os quais o bracarense, algo que acabou por não suceder dada a investigação do MP em todo este caso. O mesmo jornal deu conta de duas ameaças de morte ao major, citando o então advogado João Magalhães, que entretanto saiu do processo.
Antes de sair a acusação do MP, o caso ganhou contornos políticos, levando a um inquérito parlamentar ao longo de vários meses, entretanto concluído, onde foram ouvidas 63 pessoas, incluindo alguns dos arguidos.