Terminado um ciclo de 12 anos com Miguel Costa Gomes na presidência da Câmara de Barcelos, é agora Horácio Barra, atual presidente da Assembleia Municipal, o candidato que luta para que o PS continue a ser poder naquela autarquia.
Advogado, de 67 anos, já foi candidato à Câmara pelo PS em 2005, tendo então perdido para Fernando Reis (PSD). Foi presidente da Concelhia do PS, deputado municipal e vereador.
Horácio Barra considera que “Barcelos mudou para melhor nos últimos anos”, assumindo que nem tudo correu bem, mas salientando que “o presidente cessante fez um trabalho singular para resolver muitos problemas que vinham da gestão PSD”.
Desses problemas herdados pelo PSD aponta a “desastrosa negociata” na concessão da água e saneamento. Nesse âmbito, promete “lutar com todos os meios” para que o concelho atinja mais de 80% de cobertura no saneamento e 95% na água. Garante ainda que a construção do novo hospital está “estará no topo da [sua] agenda” e sublinha que “o rio Cávado é uma joia” do concelho, pelo que quer torná-lo navegável até à foz.
Enfrentando uma aliança inédita entre sociais-democratas, centristas e o movimento independente fundado pelo ex-vice presidente da Câmara socialista, Domingos Pereira, o candidato do PS afirma que “o ‘casamento’ entre o PSD e o BTF é estranho e contranatura, e só tem uma leitura: chegar ao poder a qualquer custo”.
Com as próximas eleições autárquicas, fecha-se um ciclo de 12 anos da presidência de Miguel Costa Gomes/PS. Que balanço faz desta gestão autárquica?
Acompanho o atual presidente, como presidente da Assembleia Municipal, e considero que, antes de fazer um balanço de 12 anos, é preciso recordar que antes o PSD esteve no poder durante 33 anos, e quando o Miguel Costa Gomes venceu, em 2009, herdou inúmeros problemas e uma dívida de 50 milhões de euros, que agora se situa nos 5 milhões. Já para não falar do contrato ruinoso de concessão da água e saneamento.
Barcelos mudou para melhor nos últimos anos, basta comparar como era o nosso concelho em 2009 e como se encontra hoje. A memória é fundamental.
Foi tudo feito? Correu tudo bem? Não, claro que não, e há que ter humildade e coragem para o assumir, mas sem esquecer que o presidente cessante fez um trabalho singular para resolver muitos problemas que vinham da gestão PSD.
Como avalia a gestão política da questão da Águas de Barcelos e qual o modelo que defende para a sua resolução?
É desastrosa para Barcelos a “negociata” que foi feita pelo PSD a esse nível, com um contrato que pode comprometer as contas da autarquia e com cláusulas que eu, na qualidade de advogado, considero lesivas do interesse público. Foi, por isso, difícil conseguir anular algo tão pesado que o PSD nos deixou, e o Miguel Costa Gomes e a Câmara Municipal fizeram de tudo para tentar resolver o problema. Agora, cabe-me a mim encontrar soluções e um caminho, e quero crer que vamos dar passos nesse sentido. Vou lutar com todos os meios ao meu dispor para passarmos de uma taxa de cobertura de saneamento que hoje está nos 60%, para mais de 80% e no caso da cobertura da água atingirmos os 95%.
Relativamente ao novo hospital de Barcelos, como acha que o executivo municipal geriu o processo e, caso seja eleito, o que pretende fazer para que este seja uma realidade?
Ainda este ano, a Câmara Municipal de Barcelos investiu na aquisição de terrenos para o hospital, estando agora em curso a preparação de investimento nas infraestruturas. O que falta? Falta a construção, e essa questão estará no topo da minha agenda, se os barcelenses confiarem em nós, no PS, no próximo domingo. Se tudo correr como espero, acredito que vamos dar um impulso ao novo hospital ainda no meu primeiro mandato.
Nestas eleições autárquicas há três novidades: a coligação PSD/CDS/BTF, o Chega e um candidato independente dissidente do PS. Que leitura faz deste novo cenário político na cidade e o que de bom ou mau considera que pode trazer para a governação da Câmara?
O “casamento” entre o PSD e o BTF é estranho e contranatura, e para mim só tem uma leitura: chegar ao poder a qualquer custo, achando a coligação que os barcelenses têm memória curta. Não podemos esquecer que a pessoa que vai em segundo lugar na coligação PSD/BFT/CDS abandonou o Partido Socialista e os seus princípios e criou um movimento independente, com uma enorme sede de poder. Como é possível que o PSD chame para número dois um ex-socialista que até há pouco tempo atacava o próprio PSD? Se para alguns vale tudo, para mim, não. Sou leal aos princípios que assumo com os barcelenses e não visto hoje uma camisola e amanhã outra, conforme os “interesses do momento”. Tenho uma carreira, como advogado, que fala por mim. Não estou neste combate à procura de nada mais que não seja dar o meu contributo para fazer progredir a nossa terra. Não estou, nunca estive, nem estarei à “venda”. Estou aqui porque acredito que é necessária uma forma diferente, séria e empenhada para servir Barcelos.
Quais as prioridades da sua candidatura para Barcelos?
A prioridade é servir Barcelos em todas as áreas que necessitam de intervenção. E pretendo fazer isso, definindo metas e objetivos em áreas estruturais como o hospital, a água e o saneamento, mas também em políticas de proximidade com o cidadão, com as freguesias, com os trabalhadores do município. Na vida não fazemos nada sozinhos, e por isso é fundamental ser um presidente de Câmara presente e atento.
Vamos concretizar novas políticas relacionadas com os jovens, com a captação de investimento, o aproveitamento sério e rigoroso de fundos comunitários para investir no concelho, mas também apoiar o turismo, a gastronomia, a agricultura, o artesanato, o ambiente, as escolas e a rede viária. O nosso plano de trabalho é ambicioso, mas na lista do PS somos todos pessoas de trabalho que amam a sua terra e que também querem sentir, dentro de quatro anos, que fizeram a diferença.
Quais as potencialidades de Barcelos que gostaria de ver mais exploradas?
Tantas! São tantas as potencialidades de Barcelos ao nível do ambiente, do turismo, da implantação de novas empresas, do apoio social aos mais desprotegidos. Há muito para fazermos. Barcelos tem de ser uma marca nacional distinta, não podemos esquecer que o Galo é um símbolo local, mas também de Portugal; por isso, a “marca” Barcelos tem de ser mais trabalhada, desenvolvida e comunicada.
O rio Cávado é uma joia que temos na nossa terra e é essencial intervir para o despoluir e tornar navegável até à sua foz, procurando estudar, também, alternativas para novas travessias do rio Cávado. Temos de valorizar o rio Cávado e o rio Neiva e as margens de ambos, criando ali espaços de lazer e de desporto, como fatores de atração turística.
Nos dias de hoje, os territórios competem entre si por turistas, emprego, investimento, qualidade de vida, entre outras virtudes, por isso, a minha missão será garantir que Barcelos ocupará o lugar de destaque que merece na região e no país.