O Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto determinou, ao princípio da noite desta quarta-feira, a libertação provisória, com cauções carcerárias e apresentações trissemanais na GNR de Amares, para um casal, residente na freguesia de Fiscal, em Amares, fortemente indiciado por crimes relacionados com a prostituição de luxo num apartamento da cidade do Porto, ganhando cerca de meio milhão de euros em seis anos, pelas contas dos próprios arguidos.
Segundo a decisão judicial, o marido, Pedro, de 46 anos, terá de prestar uma caução carcerária de 50 mil euros e a mulher, Tânia, de 35 anos, caução de 30 mil euros, no Posto Territorial da GNR de Amares, além de ficarem sujeitos à proibição de contactos com as vítimas – três jovens de nacionalidade brasileira, todas sujeitas a explorações sexuais, segundo a PJ revelou, após ter feito as buscas na quinta, situada na Rua do Sobrado, em Fiscal, Amares.
Quanto à sua colaboradora, na cidade do Porto, Catarina, terá de apresentar-se uma vez por semana na PSP do Porto e garantir uma caução carcerária de sete mil euros, segundo decidiu igualmente durante esta noite o Tribunal de Instrução Criminal do Porto.
O casal, assim como aquela colaboradora, está indiciado por crimes de crimes de tráfico de pessoas, lenocínio agravado, auxílio à imigração ilegal, fraude fiscal e branqueamento, tendo sido detidos, pela Secção Regional de Combate ao Terrorismo e Banditismo, uma subunidade da PJ, que se dedica a investigar os mais graves crimes contra a humanidade.
Exploração sexual até ao limite
A PJ adianta ainda que “os três arguidos, de forma concertada desde há cerca de seis anos, vinham recrutando mulheres no Brasil, para as explorarem sexualmente, assim auferindo grandes proveitos financeiros”, especialmente o casal, ele com 46 anos e ela com 35 anos.
O esquema passava por o casal, residente em Amares, “proporcionar condições materiais para a vinda” das jovens brasileiras, “pagando-lhes primeiro as viagens de avião e depois o alojamento, prometendo que lhes tratariam do processo de legalização no nosso pais”, refere a PJ, explicando que “chegadas a Portugal”, as mulheres, “oriundas do Brasil, eram instaladas num apartamento na cidade do Porto retiravam-lhes os documentos pessoais e eram pressionadas a manter relações sexuais com um maior número possível de clientes”.
Ainda segundo a PJ, “o dinheiro resultante da prática da prostituição era maioritariamente retido pelos arguidos, alegando serem os custos das viagens, o alojamento e o pagamento da publicitação dos serviços sexuais, através dos seus anúncios nos jornais e na internet”.
Canil para “lavar” dinheiro da prostituição
Um canil, supostamente hotel de “cinco patas” (cinco estrelas), serviria para branquear o dinheiro da prostituição, pelo menos meio milhão de euros, sendo que a maior parte dos bens foram já apreendidos e serão perdidos, definitivamente, em princípio, em favor do Estado, por terem todos proveniência criminosa, depois do processo transitar em julgado.
Desde um Porsche Panamera a uma carrinha Mercedes CLS, até armamento, como uma carabina com mira telescópica e silenciador, foram confiscados pela PJ, na quinta, situada na freguesia de Fiscal, em Amares, onde na vizinhança ninguém desconfiava dos crimes.