A Casa do Condestável D. Nuno Álvares Pereira em Barcelos está à venda por 1,2 milhões de euros.
O prédio do século XV foi colocado recentemente à venda na imobiliária ERA.
“Prédio para restauro localizado em pleno coração do centro histórico e próximo da Câmara Municipal”, refere a descrição no site da imobiliária.
A residência encontra-se na zona nobre de Barcelos, na antiga rua dos Açougues, atual Rua de S. Francisco, perto do Largo do Apoio.
Trata-se de um “edifício pequeno e baixo, de dois sobrados, de frontaria cuidada e com dois portais no andar térreo e duas janelas no 1.º andar”, refere o historiador e genealogista António Júlio Limpo Trigueiros, no artigo “Casa do Condestável” publicado em “Barcelos Histórico Monumental e Artístico”, das Edições APPACDM Distrital de Braga (1998).
“No centro da fachada está a pedra de armas dos Pereiras, provavelmente do primeiro quartel do século XV”, descreve o historiador, acrescentando que a “inscrição revivalista, em letra gótica”, na qual diz Casa do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, foi mandada gravar entre as duas janelas, em 1931, pelo capitão Manuel de Freitas, então proprietário, e desenhada pelo major José Augusto Mancelos Sampayo.
D. Nuno Álvares Pereira, também conhecido como Santo Condestável (1360-1431), 7.º Conde de Barcelos, entre outros títulos, doou a referida casa “em 1427 à sua ‘boa comadre’ Grácia Martins, ama do seu neto, o duque de Bragança, D. Fernando (1403 – 1478)”, escreve Limpo Trigueiros.
A casa acabaria por chegar a propriedade de Doutor Pedro Esteves cujo ‘padrinho de pia’ foi D. Nuno Álvares Pereira. “Senhor de numerosas propriedades (…) mandou construir em 1448 o Solar dos Pinheiros, em Barcelos, onde viveu e viria a falecer em 1469”, refere a obra consultada por O MINHO.
A Casa do Condestável “ter-se-á conservado na posse dos senhores do Solar dos Pinheiros, tendo saído desta família no século XVIII”, pois só a partir desse século o historiador encontra “notícias” do edifício.
A casa pertenceu, depois, à família Carneiro de Mendonça Lobo, que a alienou após o falecimento de Pedro Homem Carneiro de Barros Mendonça, em 1821, sem geração.
Até que por volta de 1860 é comprada ao reverendo António de Lima Miranda por Manuel José da Costa e Silva, em cuja família se mantém até hoje.
Haveria de transitar para a filha deste, Maria Luísa da Silva Matos, casada com Manuel de Freitas, então alferes em Lisboa.
Quando o militar faleceu, em 1938, a casa ficou em co-propriedade da viúva e dos nove filhos.
Em 1998, data da obra consultada, era propriedade de quatros irmãos Maria Adelaide, José Maria, Maria Helena e Armando da Silva Freitas, sendo que este último residia ali, solteiro.
Ao que O MINHO apurou, já há muitos anos que a casa se encontra desabitada.
Agora, os herdeiros pretendem vender a “Casa do Condestável”, um dos mais importantes edifícios do património histórico da cidade de Barcelos.