Os trabalhadores do Centro de Distribuição Postal (CDP) de Vila Nova de Famalicão estão em greve, esta quarta-feira, para alertar a direção dos CTT para a “sobrecarga de trabalho” que dizem sentir, bem como para a falta de pessoal.
Segundo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), esta manhã deveriam estar a trabalhar 30 trabalhadores do CDP de Famalicão, mas 24 aderiram à paralisação.
Na prática está em causa o trabalho de funcionários vulgarmente denominados como carteiros e após uma concentração junto ao armazém de distribuição, pelas 06h00, foi iniciada uma marcha e concentração junto à câmara de Famalicão, onde representantes do SNTCT foram recebidos pelo presidente Paulo Cunha.
“Viemos transmitir as nossas preocupações, mas no fundo transmitimos também as dos clientes, das pessoas que querem receber o seu correio a tempo e horas”, disse aos jornalistas o representante do SNTCT, José Sá, junto a um grupo que empenhava placas com frases como “Queremos servir o bem público” ou “A escravatura já foi abolida. Nos CTT ainda não”.
José Sá explicou que devido à falta de pessoal, os funcionários do CDP de Famalicão sentem “sobrecarga de trabalho”. A “falta de pagamento do trabalho suplementar” é outras das reivindicações.
Rui Ribeiro, carteiro há 18 anos, indicou que “tem sido complicado lidar diretamente com clientes insatisfeitos”, apontando casos de pessoas que receberam cartas com marcações de consultas “difíceis de remarcar”, cujo prazo já passou.
“E 90% das pessoas que recebe reformas, subsídios de desemprego, valores de baixas ou o Rendimento Social de Inserção ainda recebe via vale dos correios. É difícil ver clientes desesperados à espera de um giro [ronda para entrega de correspondência]. Estão a brincar com o serviço público”, acrescentou.
Também Domingos Gomes, carteiro há 20 anos, contou que “muitas vezes” apesar do seu horário terminar às 16h00, fica a trabalhar até às 18h00/19h00: “Mas as horas extra não são pagas”, lamentou junto a colegas que vestiam t-shirts onde se lia “O carteiro não tem culpa”.
Esta greve foi convocada pelo SNTCT, conforme confirmou Paulo Silva, também deste sindicato, mas na concentração junto ao edifício da câmara também estive o Sindicato Independente dos Trabalhadores de Informação e Comunicação, cujo representante explicou estar ali “em solidariedade” com os trabalhadores.
Os CTT e fonte da empresa apontou que esta “tem-se mostrado dialogante com os sindicatos, estando nesse contexto a realizar um estudo dos percursos de distribuição [giros] em Famalicão e tendo já aberto um processo de contratação de dois novos carteiros”.
“Esse processo, que dá preferência a desempregados de longa duração e a pessoas à procura do primeiro emprego, tem-se defrontado com dificuldades em encontrar candidatos”, indicaram os CTT em resposta escrita.
Quanto ao impacto que esta greve poderá ter no concelho, a empresa referiu prever que “seja pouco sentida pela população, uma vez que é limitada a um dia” e foram, continuou a mesma fonte, “despoletados planos de contingência previstos, nomeadamente a reorganização da distribuição de modo a dar preferência à entrega de todo o correio prioritário e vales de pensões sociais”.
Já sobre as queixas dos clientes, o presidente da câmara de Famalicão confirmou que “vários cidadãos relatam atrasos pouco compreensíveis”, mostrando “preocupação pelas pessoas que recebem via CTT remunerações de que necessitam para fazer face ao seu dia-a-dia“.
Paulo Cunha indicou que já reuniu com responsáveis dos CTT e que vai “reforçar essa preocupação”, acrescentando como ambição que os concelhos desta região disponham de um regime de tarifário “no mínimo igual” ao que é praticado nas Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa.
“Existe uma diferença incompreensível da tarifa cobrada. Através do Quadrilátero Urbano [estrutura que integra os concelhos de Famalicão, Guimarães, Barcelos e Braga] já fizemos chegar uma exposição à administração dos CTT. Estamos a falar de um universo de mais de 600 mil habitantes nesta região de forte concentração empresarial”, descreveu.
O autarca estima que se o regime de tarifário fosse o mesmo a autarquia pouparia cerca de 30 mil euros anualmente com a expedição de correio: “Imagine-se o que isso representaria para os cidadãos e para as empresas”, concluiu.
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