Carta aberta ao Executivo Municipal de Ponte de Lima

Artigo do historiador Rui Maia

Rui Manuel Marinho Rodrigues Maia

Licenciado em História, Mestre em Património e Turismo Cultural pela UMinho – Investigador em Património Industrial

Exmos. Senhores, membros do Executivo Municipal de Ponte de Lima, permitam-me, antes de mais, saudar o excelente trabalho que o CDS-PP tem desempenhado no concelho nas últimas décadas, em que se constatam imensos progressos materiais e imateriais. Nomeadamente, ao nível das infraestruturas rodoviárias, pedonais, industriais, escolares, entre muitas outras.

Na senda das imaterialidades, destacaria por mero exemplo a inclusão das Feiras Novas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial – expressão maior da identidade cultural das gentes limianas, onde acodem forasteiros de todo o país e do mundo.

Não poderia deixar de enaltecer o aproveitamento soberbo do slogan “Ponte de Lima a vila mais antiga de Portugal” mesmo que, porventura, não seja verosímil, enraizou-se no subconsciente dos cidadãos conferindo-lhe esse estatuto. Muito haveria a enaltecer quanto às muitas metamorfoses urbanísticas, económicas e sociais pelas quais tem passado o concelho de Ponte de Lima.

Não obstante, seria injusto não reconhecer as evidentes melhorias empreendidas no vosso concelho, que nas últimas décadas tem conhecido os melhores progressos. Apraz-me, também, reconhecer o excelente desempenho financeiro da autarquia, sobejamente reconhecido e invejado, sobretudo pelos incapazes de trabalhar em prol das suas comunidades, como se verifica em algumas autarquias do Alto Minho.

Porém, o propósito desta carta aberta tem que ver com uma questão para a qual vos lanço um repto. Contudo, permitam-me antecipar alguns dados que reconheço pertinentes:

– Portugal lidera a sinistralidade rodoviária na Europa;
– Apenas este ano, registaram-se 135.000 acidentes, resultando em 453 vítimas mortais;
– Estima-se que, desde 2017, 5000 pessoas perderam a vida em acidentes em Portugal;
– Mais de 19.000 ficaram gravemente feridas.

Ora, palavras para quê, num país em que se verifica o aumento da fiscalização nos últimos anos, demonstrando que a mesma não será a medida mais adequada para mitigar esta guerra aberta nas nossas estradas.

Assim sendo, na esteira da prevenção de acidentes rodoviários, sabendo que Vossas Excelências se norteiam pelos mais nobres princípios éticos e morais, solicito que ponderem construir abrigos para aqueles e aquelas que, à chuva, ao frio, ao sol e ao vento, aguardam a passagem dos transportes públicos, como sucede junto às Bombas da Galp, onde não se compreende como é que uma via que do seu lado direito (ao subir em direção a Braga) nem passeios tem?

Outro dado importante a não obviar, é o número inqualificável de atropelamentos que sucedem neste país, pela imensa falta de urbanidade dos cidadãos.

A terminar, confiante na melhor receção desta carta aberta, resta-me aguardar pela célere execução desses equipamentos sobremaneira importantes para as comunidades, em particular para a segurança dos peões. Não vá o Diabo tecê-las.

Endereço um voto de Feliz Natal e um próspero 2025 a todos os portugueses (em segurança) esperando também que nas próximas autárquicas o povo soberano pondere bem antes de votar. Em Ponte de Lima, particularmente, desejo que este Executivo prossiga o seu caminho de progressos, que tão bem tem defendido os interesses das gentes Ponte-Limenses.

Lima, rio que não esquece,
águas meigas e de prece.
Choradas nessa partida,
água abaixo, água acima,
Água arriba.
Arribai, Ponte Augustana,
medieva, de beleza insana.

 
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