A exposição de carros antigos é já um sucesso pelo crescimento do número de viaturas expostas, 170, mais 40 que na edição anterior. No certame é possível encontrar desde um Mercedes clássico, recuperado de forma imaculada, até um carro funerário transformado em “carro do amor”.
Esse é, aliás, o carro mais insólito do certame: uma Nissan Urvan que cumpriu a sua primeira vida como carro funerário e agora foi transformado, por um grupo de jovens, num “carro do amor”.
Onde antes era transportado o caixão com o defunto, foi colocado um colchão, os veludos vermelhos e as cortinas mantêm-se e dão jeito para criar ambiente e garantir privacidade. Em termos de decoração, foi adicionada uma prateleira, onde se guardam bebidas para todos os gostos e acrescentados acessórios, como um chicote e revistas sugestivas.
Carro mais antigo é um Citroen B1 de 1913
O carro mais antigo presente na Penha, este ano, é um Citroen B1, de 1913. Carlos Batista, presidente do Clube de Automóveis Antigos de Guimarães, a entidade organizadora, sublinha que se trata de uma viatura ainda capaz de andar na estrada. O modelo francês ultrapassa em antiguidade o Ford A, de 1927, que na edição anterior era o vetusto dos carros em exposição.
Os carros expostos vêm de coleções particulares, de oficinas de recuperação e transformação destes automóveis e de clubes de carros antigos. É o caso dos clubes de Fafe, Felgueiras, Vizela, Santo Tirso, Vale do Ave, entre outros. Entre os clubes temáticos, destaque para o VW Ar Clube de Portugal, representado pelo Clube de Carochas do Berço, para o Pandamania e para o 4.Clube.Portugal.
VW decorados a rigor e Pandas radicais
Os VW e os seus conhecidos “carocha” e “pão de forma”, têm em Guimarães um dos núcleos mais ativos que não deixam os créditos por mãos alheias no certame da Penha, decorando os carros a rigor para a ocasião. Entre os modelos mais antigos do utilitário da VW, está um carro de 1951, em perfeito estado de funcionamento.
Os Pandas asseguram o corredor de ligação entre o terreiro do santuário e o parque de estacionamento em frente ao Hotel da Penha. Além da graça que estes pequenos carros sempre tiveram, os sócios do Pandamania querem provar que o pequeno carro italiano é capaz de aventuras como os seus primos maiores. A versão 4×4 deste pequeno Fiat aparece na exposição em poses dignas de qualquer todo-terreno radical.
No seu tempo, o Renualt 4L servia para tudo
Uma novidade no Penha Clássicos foi a presença do 4.Clube.Portugal. Numa altura em que o Renualt 4L está a celebrar 60 anos, o clube quis mostrar a versatilidade do modelo, com versões adaptadas ao trabalho no campo, à praia e até aos raids todo-o-terreno. E não se trata de uma brincadeira, uma das versões em exposição parte brevemente para um rali-raid em Marrocos.
O Clube Desportivos 80/90, com sede em Ponte de Lima, apresenta carros que alguns ainda se lembram de ver nas estradas, ainda assim, espetaculares, como o Toyota Supra. O modelo japonês fazia as delícias dos fãs da velocidade no início da década de 90.
Carros que ganham nova vida
Carlos Batista destaca o Mercedes 190 SL, de 1964, um carro avaliado em 300 mil euros. O proprietário, um empresário de Fafe, gastou 45 mil euros só na recuperação do motor. O organizador chama também a atenção para o Volvo “marreco”, quer dizer, PV 544, mas que ganhou a alcunha por ter a forma característica de uma marreca na traseira. O proprietário do modelo em exposição, uma viatura de 1961, já foi duas vezes a França nele.
Ao lado do Volvo, está uma Bedford J2, uma carrinha de caixa aberta, das décadas de 60 e 70. Estes carros de trabalho, depois de se terem transformado em sucata, ganharam uma nova vida, pelo interesse das adegas do Douro que as recuperam para fazer as usarem nas suas exposições. O modelo em exibição na Penha, “impecavelmente recuperado”, não podia deixar de ter duas pipas na retaguarda.
Carlos Batista é um colecionador atento aos detalhes, amante das recuperações genuínas. “Gosto dos carros exatamente como eram originalmente, até o autorrádio deve ser de origem”, afirma. Explica isto enquanto admira um Land Rover série II, da década de 60, magnificamente restaurado. “Estes carros nunca têm os rebites no mesmo sítio. Como eram montados à mão, os operários nunca colocavam os rebites exatamente no mesmo lugar”, destaca.
Apesar da paixão pelas recuperações genuínas, Carlos Batista abre espaço no Penha Clássicos a outras interpretações. É o caso dos carros “Rat Style”, um tipo de recuperação em as máquinas parecem inacabadas, seja pela falta de pintura ou pela falta de acabamentos. Nestes modelos é frequente os pontos enferrujados da carroçaria serem apenas lixados e envernizados. Há também espaço para os carros ao estilo dos americanos Hot Rod, modelos antigos, com rodas mais largas, suspensões mais baixas e pinturas agressivas.
Lanceiros marcam presença
Uma presença já habitual no Penha Clássicos é a Associação de Veteranos Lanceiros de Portugal que expõe viaturas militares recuperadas pelos seus associados e garante a colaboração do Exército Português. A estrela da exposição militar é novamente a Chaimite, uma viatura de transporte de tropas de fabrico nacional que ficou célebre por ter sido usada no 25 de abril.
Carlos Batista, satisfeito com o sucesso da edição deste ano já projeta o crescimento do evento no futuro, nomeadamente pela inclusão de um espaço expositivo dedicado às duas rodas, até agora limitadas à participação do Vespa Clube de Guimarães e às motas do Exército e da GNR.