O célebre ex-jornalista correspondente da RTP Carlos Fino publicou na sua página de Facebook uma nota em que criticava a Universidade do Minho, onde se doutorou, por “reduzir o canudo a um simples papel carimbado”.
Questionada por O MINHO, a academia esclarece que Carlos Fino pediu a “certidão de conclusão” e não a “carta doutoral”.
Em post de 29 de abril, o muito experiente e premiado jornalista, aposentado, recordava que fazia “precisamente um ano” que “estava em Braga por um canudo – mais concretamente, para prestar provas de doutoramento em Comunicação no Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho”.
Carlos Fino, que O MINHO tenho contactar sem sucesso, adiantou que estava “a preparar o texto de edição da tese” a publicar no final do ano e “à espera do canudo”.
Mas o documento que lhe chegou da Universidade do Minho não correspondeu às suas expectativas: “De Braga, depois de ter pago 20 euros, recebi por correio um papel carimbado com um simples parágrafo, totalmente inexpressivo, que não tenho cara de colocar aqui”.
Mesmo tendo em conta que “os tempos são outros – tudo é mais célere, simplificado e democrático” – Carlos Fino considera que “reduzir o canudo a um simples papel carimbado parece exceder em singeleza franciscana os parâmetros universais nesta matéria”.
E deixa um remoque à academia minhota: “Até porque, em termos de comunicação, um comprovativo de doutoramento é uma imagem de marca forte que a UMinho não devia desprezar, já que possui pergaminhos (pergaminhos!) dignos de nota”.
“De qualquer forma, em termos de comprovativo das provas dadas e dos resultados obtidos, gorou-se a minha expectativa de poder um dia apresentar aos meus amigos algo um pouquinho mais vistoso. Não por vaidade pessoal, que é sempre vã, mas para melhor corresponder à dimensão do esforço empreendido e à própria dignidade das instituições envolvidas. A forma conta. No entanto, um ano depois das provas, posso afirmar, afinal, que neste quesito fiquei a ver Braga por um canudo”, escreve o doutorado em Ciências da Comunicação.
O MINHO confrontou a universidade que esclareceu a política de atribuição de diplomas, começando por garantir que “não houve alterações de valores nem de procedimentos sobre esta matéria”.
A academia explica que “os alunos podem requerer a emissão de uma certidão e/ou de uma carta de curso (no caso, carta doutoral), pagando para o efeito os emolumentos previstos na tabela de emolumentos em vigor, designadamente: Certidão de conclusão – 20 euros (igual para todos os ciclos de estudos); Carta de Curso – a) Grau de Doutor 200 euros b) Grau de Mestre 160 euros c) Grau de Licenciado e Bacharel 130 euros”.
Ora, o que se passou, portanto, realça a Universidade do Minho, foi que Carlos Fino “requereu em 2019 uma certidão de conclusão do curso, que corresponderá ao documento que refere e que lhe foi nessa altura disponibilizado, em conformidade com as regras em vigor”.
Porém, no dia seguinte à publicação do post, o primeiro repórter a anunciar, com imagens ao vivo, o bombardeamento de Bagdade na última Guerra do Golfo, em 2003, solicitou junto da academia “informações sobre o procedimento a seguir para requerer a carta doutoral, pedido que foi respondido nesse mesmo dia, com indicação dos valores e procedimentos respetivos”.