O alcunhado “Capitão Roby” do Minho, um homem de 47 anos, que terá conseguido durante cerca de dez anos consecutivos, ludibriar dezenas de mulheres, com promessas de casamento, sacando-lhes grandes quantias em dinheiro, foi detido pela GNR de Vila Verde, encontrando-se já recluído na Cadeia Regional de Viana do Castelo, onde vai passar já o Natal a cumprir pena.
Também conhecido entre as autoridades policiais, especialmente na GNR e na PSP, como “Pinga Amores”, o indivíduo, nunca trabalhando ao longo dos últimos anos, terá vivido à custa das “namoradas”, como lhes chamava, até que decorridos em média alguns meses, as vítimas dos alegados crimes de burlas e de extorsão, iam bater-lhe à porta e descobriam que afinal era casado.
Detido com um mandado de captura para cumprimento imediato de uma pena de prisão efetiva de dois anos e oito meses, tem já outra pena, de sete meses de prisão, também efetiva, devendo-se o primeiro processo a crimes de burla e de extorsão, que vitimaram uma das “namoradas”, provados durante um julgamento que decorreu recentemente no Palácio da Justiça de Braga.
As condutas atribuídas ao condenado eram de sedução de mulheres, que ia conhecendo através das redes sociais, seguindo-se crimes de extorsão, uma ação contínua já interrompida pela GNR de Vila Verde, existindo vários casos de alegadas ameaças de divulgação das mulheres, suas agora antigas “namoradas”, nuas e em poses eróticas, com quem mantinha relações sexuais.
É esta a primeira pena de prisão efetiva aplicada ao “Capitão Roby” do Minho, de 47 anos, casado, residente em Vila Verde, que teria vida dupla, com uma relação conjugal estável, só que, mantendo relações sexuais com várias mulheres em simultâneo, a quem dizia ter várias profissões, passando com elas alguns dias e dizendo à esposa que estava para o estrangeiro, em negócios.
Entre as vítimas do sedutor, que numa fase seguinte simplesmente pedia ou chegava mesmo a extorquir centenas de euros por cada mulher, há desde jovens até sexagenárias, casos conhecidos de solteiras, de divorciadas e de viúvas, mas nunca casadas, sabendo-se que entre a primeira queixa e as atuais queixas, já há oito anos atrás, houve vítimas já passaram a idade de 70 anos.
Códigos de honra: nunca casadas, nem de Vila Verde
O “Capitão Roby” do Minho tinha como código de honra, o qual respeitaria integralmente, de nunca seduzir mulheres casadas, mas “somente” aquilo que considerara como sendo “mulheres desocupadas”, segundo as suas próprias expressões, que lhe são atribuídas, bem como não manter relacionamento amoroso com mulheres de Vila Verde, concelho de onde é natural e residia.
Segundo apurou O MINHO, nos últimos meses, as autoridades policiais têm vindo a receber várias queixas contra o conhecido “Capitão Roby” do Minho, idênticas no seu modo de atuar, durante os últimos anos, visando-o, mas o homem ia escapando às malhas da lei, com desistências sucessivas de queixas mediante promessas de indemnizações, mas depois nem sempre cumpria.
Terá sido a arzão pela qual ocorreu a prisão efetiva, já no final desta semana, do “Capitão Roby” do Minho, porque não terá indemnizado uma das suas vítimas, conforme era exigido para a suspensão da pena de prisão a que havia sido condenado, pelo Tribunal Criminal de Braga, pelo que a pena de prisão se tornou já em efetiva, isto é, para cumprimento imediato da sua pena.
A partir das redes sociais, o homem, que se dizia solteiro, aproximava-se das mulheres, com quem mantinha relações sexuais, namorando e prometendo casamento, ou pelo menos ligações íntimas duradoiras, sempre com várias mulheres, em simultâneo, o que lhe permitiria viver habitualmente com desafogo financeiro, sem ter necessidade de um emprego para sustentar a família.
Conforme provado em recente julgamento, no Palácio da Justiça de Braga, quando o “Capitão Roby” do Minho ganhava a confiança com as mulheres, que ia sucessivamente e simultaneamente seduzindo, em concelhos diferentes, ao mesmo tempo, mas nunca em Vila Verde, durante meses consecutivos, começava a pedir ou, se preciso, até a exigir dinheiro, às suas vítimas.
Em causa estão situações diversas, desde mulheres burladas, por não terem sido ressarcidas do dinheiro que “emprestavam”, até casos em que as suas “namoradas” seriam alvo de extorsão, com a ameaça de alegada divulgação pública de factos íntimos, bem como imagens “comprometedoras” que colocariam em causa a boa imagem das mulheres retratadas em certos momentos.
“Capitão Roby” preferia “mulheres desocupadas”
As “mulheres desocupadas”, segundo a expressão do próprio arguido, temiam a publicação de imagens suas em posições e em poses eróticas fotografadas e filmadas em momentos de maior intimidade com o seu “namorado” que seria também “solteiro” até que as vítimas percebiam que se tratava afinal de homem casado, com uma esposa que as recebia com uma criança ao colo.
Aliás, a principal vítima era precisamente a sua própria esposa, que desde logo quando casou também pensaria tratar-se de um homem solteiro ou pelo menos seria descomprometido civilmente, passando a dada altura a receber visitas de mulheres que se diziam suas “namoradas”, obtendo como resposta que aquela era a sua verdadeira mulher, de quem tem um filho ainda de colo.
O homem, sem atividade profissional conhecida, tem ainda para cumprir mais sete meses de prisão efetiva, pelo mesmo tipo de crimes, havendo pelo menos mais sete processos, por situações idênticas, apesar da maioria das vítimas não se ter queixado, cabendo ao Tribunal de Execução das Penas gerir o cúmulo jurídico que lhe será ainda fixado pelo Tribunal Criminal de Braga.
Nos últimos anos, teria deixado já de seduzir mulheres no concelho de onde era natural e residia, em Vila Verde, atuando mais em Viana do Castelo, Braga, Barcelos, Famalicão e Trofa, segundo os processos a decorrer, com queixas desde o ano de 2016, porque terá percebido que se seduzisse mulheres perto de cada seria mais rapidamente descoberto pelas suas alegadas vítimas.
Advogado questiona se há vítimas
O advogado João Araújo da Silva, com escritório em Vila Verde, que defende o “Capitão Roby” do Minho, natural e morador numa freguesia da zona sul daquele concelho, considerou como “prematuro” adiantar qual a estratégia da defesa que irá adotar, uma vez que “comecei agora a trabalhar neste caso e há a questão da proteção de dados do meu cliente e das alegadas vítimas”.
João Araújo da Silva disse “estar a representar esse cidadão apenas há dois dias, nunca fui seu advogado anteriormente, ainda estou a inteirar-me desses processos, mas parece-me que afinal as coisas não terão sido exatamente conforme já se diz por aí”, referindo “não perceber como é que as pessoas se deixavam enganar tanto tempo por ele e com tantas evidências em contrário”.
Ainda segundo o mesmo causídico, “isto foi tudo muito rápido, a sua prisão efetiva, vamos analisar caso a caso os processos e queixas que ainda possam existir, para esclarecer tudo melhor, tentar chegar a um acordo com as vítimas, mas se as houver”, salientando “não haver pior cega que aquela que não quer ver”, dizendo que as queixas só surgiam quando ele cortava relações.