Capitão Portal é o GNR detido em Fafe com tonelada e meia de cocaína

Comandou o Destacamento da GNR de Fafe até 2024 e, no ano anterior, distinguiu-se a desmantelar grande rede de tráfico de droga
Capitão portal é o gnr detido em fafe com tonelada e meia de cocaína
Foto: Ivo Borges / O MINHO / Arquivo

O capitão Ricardo Portal, que até há meio ano comandou o Destacamento Territorial de Fafe da GNR, é o oficial que a Polícia Judiciária deteve em Fafe, com uma tonelada e meia de cocaína em elevado grau de pureza, escondida entre peles de animais.

Ricardo Jorge Fernandes Sousa Portal, oficial intermédio da Guarda Nacional Republicana, encontrava-se já com uma licença sem vencimento de longa duração, pelo que poderia voltar a todo o momento ao ativo na GNR, caso assim mesmo o entendesse.

É precisamente o mesmo oficial que quando comandou o Destacamento Territorial de Fafe da GNR se distinguiu no combate ao crime, como sucedeu aquando do desmantelamento de uma grande rede de tráfico de droga, sediada em Fafe, no ano 2023.

Ricardo Portal, de 34 anos, passou esta noite no Comando Territorial da GNR do Porto, para ser presente esta quinta-feira ao juiz de instrução criminal do Porto no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional do Norte do MP, na cidade portuense.

A detenção do capitão Ricardo Portal surpreendeu quase toda a gente, no seio do Comando Territorial de Braga da GNR, que era a unidade a que pertencia e poderia voltar a qualquer momento, o que já não aconteceu com a PJ do Porto e a PJ de Braga.

Os altos comandos da GNR de Braga, incluindo quem tem a gestão do pessoal, foram completamente apanhados de surpresa, quando terça-feira a Diretoria do Norte da Polícia Judiciária deteve o capitão Ricardo Portal, na freguesia de Golães, em Fafe.

A Secção Regional de Investigação ao Tráfico de Estupefacientes (SRITE) da Polícia Judiciária do Norte, sediada no Porto, a quem coube realizar a operação “Special Skin, em que além do capitão Ricardo Portal, foi detido um empresário, de 42 anos.

Trata-se de uma rede de tráfico internacional de cocaína, droga dura que era importada diretamente da América Latina, oriunda dos próprios produtores, diretamente, o que não é muito comum, mesmo entre grupos transnacionais, nem mesmo é comum o envolvimento de uma alta patente, da GNR que até finais de 2024, enquanto no ativo, tinha acesso a informações classificadas.

A operação foi desencadeada pela Diretoria do Norte da PJ, no âmbito de uma investigação iniciada em julho, contando com a estreita colaboração com as maiores organizações policiais, as agências americanas DEA (Drug Enforcement Administration) e CBP (Customs and Border Protection), para além da própria Autoridade Tributária e Aduaneira (ATA), isto já em Portugal.

Capitão portal é o gnr detido em fafe com tonelada e meia de cocaína
Apreensão. Foto: PJ

Na origem da investigação está a atividade de uma determinada empresa, sediada em Fafe, na freguesia de Golães, a que estava diretamente ligado o capitão Ricardo Portal, uma firma comercial que procedeu à importação de três contentores de peles de provenientes da América Latina, que foram já descarregados no Porto de Leixões, em Matosinhos, mas logo seguidos pela PJ.

As diligências realizadas pela PJ no último mês levaram os inspetores a suspeitar que três contentores que estavam no Porto de Leixões poderiam estar a ser utilizados para transportar substâncias ilícitas e com a colaboração da ATA foi feita uma fiscalização, tendo sido então detetada uma quantidade muito elevada com embalagens de cocaína entre as peles de animais”.

Capitão Ricardo Portal tinha dado “duro golpe” no tráfico de droga em Fafe

A detenção do capitão Ricardo Portal, cuja unidade é o Comando Territorial de Braga da GNR, atualmente em gozo de licença sem vencimento, terça-feira pela Polícia Judiciária, como suspeito de integrar uma rede que importava grandes quantidades de cocaína escondidas nas peles de animais importadas da América Latina, causou escândalo e vergonha alheia na GNR de Braga.

O capitão Ricardo Portal, segundo as suas próprias palavras, tinha desferido um “duro golpe” no tráfico de droga, em Fafe, em19 de abril de 2023, quando enquanto comandante do Destacamento Territorial da GNR de Fafe, classificou a megaoperação que nessa altura levou à detenção de quatro suspeitos e à apreensão de droga, dinheiro, armas, carros e motas de alta cilindrada.

A rede de tráfico de droga então desmantelada sob comando direto do capitão Ricardo Portal, estaria a ser investigada há dois anos, operava sobretudo no concelho de Fafe, mas também nos municípios vizinhos de Guimarães e de Felgueiras, tendo ainda conexões com Ribeira de Pena e Vila Real, revelou então bastante entusiasmado, aquele oficial do Comando da GNR de Braga.

Foram então detidos quatro homens, com idades entre os 25 e os 38 anos, através do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) da GNR de Fafe, em que os militares deram cumprimento a 21 mandados de busca, oito domiciliárias, quatro em estabelecimentos e nove em veículos, desmantelando a “importante rede de tráfico de estupefacientes que operava na região”.

Capitão portal é o gnr detido em fafe com tonelada e meia de cocaína
Amostra da droga apreendida em Fafe. Foto: Joaquim Gomes / O MINHO

Na mesma operação foram apreendidas 2.208 doses de haxixe, 3.090 doses de cocaína, quatro doses de liamba, cinco balanças de precisão e embalagens para droga, além de confiscados 12 telemóveis, três motas de alta cilindrada, quatro carros, dois sistemas de videovigilância, duas soqueiras, dois taser, um bastão extensível, uma Playstation, um tablet e dois computadores.

Na mesma operação, a GNR apreendeu ainda 21.595 em notas, assim como uma máquina de contar notas e os detidos tinham ainda consigo várias armas de fogo e munições, que foram apreendidas: 52 munições de salva de calibre 7.62 mm, uma pistola calibre 6.35 mm, duas caçadeiras e uma carabina de ar comprimido, tendo ficado em prisão preventiva o principal dos arguidos.

Foram ainda constituídos arguidos dois homens de 28 e 30 anos e duas mulheres de 29 e 32 anos por posse de estupefacientes e ainda uma mulher de 66 anos por posse de arma proibida e a operação envolveu diversas valências, nomeadamente equipas cinotécnicas e de intervenção do Destacamento de Intervenção (DI) de Braga, contando com o reforço do Comando Territorial do Porto e Viana do Castelo, além do Grupo de Intervenção de Operações Especiais (GIOE) da Unidade de Intervenção (UI).

 
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