- Capitão Ricardo Portal, da GNR, já tinha atividade empresarial, há sete anos
- Empresa de prestação de serviços sediada em Londres a meias com a esposa
- Suspeito de liderar uma associação criminosa para narcotráfico internacional
- Oficial medalhado exercia ação laboral paralela proibida a militares da GNR
O anterior comandante do Destacamento da GNR de Fafe, capitão Ricardo Portal, do Comando Territorial da GNR de Braga, em prisão preventiva por alegadamente liderar uma associação criminosa e apanhado com uma tonelada e meia de cocaína, já desenvolvia uma atividade empresarial, há sete anos, o que é proibido para qualquer militar da Guarda Nacional Republicana.
Ricardo Portal, de 34 anos, atualmente em prisão preventiva, tinha sido medalhado, quando ainda comandava o Destacamento de Trânsito do Comando da GNR de Vila Real, numa época em que já tinha iniciado atividade comercial, por conta própria, o que é proibido, tratando-se de um militar da Guarda Nacional Republicana, ação da qual não desistiu quando esteve em Braga.
Segundo apurou O MINHO, junto de fontes abertas, o capitão Ricardo Portal, já no Comando Territorial da GNR de Braga, a comandar o Destacamento da GNR de Fafe, manteve sempre a mesma atividade, de diretor comercial e sócio de uma firma, sediada em Londres, com registo criado, desde 23 de novembro de 2018, empresa com o objeto social de prestação de serviços.
A empresa era detida também pela esposa do oficial da GNR, uma enfermeira de 37 anos, conhecida por ter sido praticante de andebol, como era sócia de outra empresa com sede social em Fafe, onde foi apreendida tonelada e meia de cocaína, escondida entre mais de 70 toneladas de peles de animais frescas, importadas, mas putrefactas, enquanto a cocaína estava bem preservada.
Entretanto, de acordo com informações já confirmadas ao longo das últimas horas, no Comando Territorial de Braga da Guarda Nacional Republicana toda a gente saberia das atividades comerciais paralelas do capitão Ricardo Portal, embora não da droga, isto é, que pudesse de algum modo estar envolvido no narcotráfico, muito menos em escalão tão elevado no seio daquela rede.
A GNR já abriu um procedimento de averiguações internas ao capitão Ricardo Portal, que mesmo com licença sem vencimento, continua a ser 100 por cento militar da Guarda Nacional Republicana, enquanto decorrem investigações da Polícia Judiciária, que passarão necessariamente pelo Comando Territorial de Braga da GNR, última unidade onde prestou serviço aquele oficial.
O MINHO foi alertado esta quinta-feira, para o facto de apesar de ter comandado o Destacamento Territorial de Fafe da GNR, o capitão Ricardo Portal nada tinha a ver, diretamente, com o trabalho do seu respetivo Núcleo de Investigação Criminal (NIC).
Isto porque o NIC da GNR de Fafe dependia e só depende diretamente da Secção de Investigação Criminal (SIC) do Comando Territorial de Braga da GNR, mas mesmo assim a atividade do capitão Ricardo Portal, em Fafe, está a ser investigada pela PJ.
É que nesta fase do processo criminal, dos maiores de sempre, em Portugal, envolvendo tráfico internacional de drogas duras, está a ser passado a pente fino pela PJ o que em Fafe e ainda em Braga fez e deixou de fazer na GNR o capitão Ricardo Portal.