O Livro de Recordes do Guinness está a investigar a idade de Bobi, o cão português que era o mais velho do mundo e morreu recentemente com 31 anos, após veterinários terem levantado dúvidas sobre a sua longevidade: “Isto é o equivalente a um ser humano viver mais de 200 anos, o que não é plausível”.
“Estamos cientes das questões relacionadas com a idade do Bobi e estamos a analisá-las”, disse ao jornal britânico The Guardian, citado pelo Jornal de Notícias, um porta-voz do Guinness.
Veterinários duvidam que o rafeiro alentejano, que morreu no passado dia 22, tenha conseguido viver tanto tempo.
“Isto é o equivalente a um ser humano viver mais de 200 anos, o que não é plausível, tendo em conta as nossas capacidades médicas atuais”, afirmou Danny Chambers, veterinário e membro do conselho do Colégio Real de Cirurgiões Veterinários britânico.
“Alegações extraordinárias requerem provas extraordinárias, e não foram apresentadas provas concretas sobre a idade” do Bobi, acrescenta.
O dirigente do grupo “Veterinary Voices”, que junta 18 mil veterinários, garante que “nenhum dos [seus] colegas acredita que Bobi tinha de facto 31 anos”.
“Somos uma profissão baseada na ciência, por isso, para que o Livro de Recordes do Guinness mantenha a sua credibilidade e autoridade aos olhos da profissão veterinária, é necessário que publiquem provas irrefutáveis”, defende.
Por seu turno, Andrew Knight, professor emérito de bem-estar veterinário, declarou, ao The Guardian, que “houve outros cães muito velhos” ao longo da história e que seria útil comparar o Bobi com os cinco a dez outros cães mais velhos para ver até que ponto é um caso isolado.
Entrou para o Guinness em fevereiro
Como O MINHO noticiou, em fevereiro deste ano, Bobi entrou para o Guinness World Records como o cão mais velho do mundo.
O animal, companhia da família Costa, vivia em Conqueiros, Leiria. Nasceu em 11 de maio de 1992.
É um “rafeiro alentejano puro”, que é “uma raça de cão de guarda de gado com uma esperança média de vida de 12-14 anos”.
Bobi bateu o recorde – já com quase um século – do cão mais velho de sempre, que era de um cão australiano que viveu entre 1910 e 1939 (morreu com 29 anos e cinco meses).
O cão e outros três cachorros nasceram num barracão onde a família guardava lenha. Devido ao elevado número de cães, o pai de Leonel decidiu que eles não podiam manter os recém-nascidos.
“Infelizmente, naquele tempo, era considerado normal pelas pessoas mais velhas que não podiam ter mais animais em casa enterrá-los num buraco para que eles morressem”, contava Leonel.
No dia a seguir ao nascimento, os pais de Leonel aproveitaram a ausência temporária de Gira, a mãe dos cachorros, para os levar. Só que Bobi ficou para trás.
Quando Leonel e os irmãos perceberam que Gira continuava a visitar o barracão, verificaram que o cão estava vivo e os pais não tiveram outra escolha senão acolhê-lo na família.
Leonel acreditava que o segredo da longevidade de Bobi deve-se ao facto de viver em liberdade, ser bem alimentado e amado.
O cão passava os seus dias no quintal da família, com quatro gatos.
A data de nascimento de Bobi foi confirmada pelos serviços municipais de Leiria e também pelo Sistema de informação de animais de companhia (SIAC).