O cantor Delfim Júnior relatou ao Tribunal de Braga, o modo como, em 2018, alguns membros de um gangue da zona de Braga, que está a ser julgado, lhe assaltaram a casa em São Paio de Jolda, Arcos de Valdevez, de onde levaram 230 mil euros, que estavam escondidos em sacos de ração para cães. Disse que, em dinheiro, lhe furtaram 192 mil euros, e que o montante restante se prende com peças de ouro de herança de família.
A testemunha frisou que não estava em casa aquando do assalto, salientando que ficou com a impressão de que os ladrões sabiam o que estavam a fazer, ou seja, saberiam que tinha dinheiro guardado em casa.
No que toca a este assalto, o Ministério Público (MP) concluiu que terá tido a participação de um agente da PSP de Ponte de Lima, Carlos Alberto Alfaia, na altura em Ponte de Lima, que dava informações, a troco de dinheiro, sobre as casas a assaltar.
O Tribunal coletivo concluiu, na semana finda, a audição das vítimas de assaltos, e vai ouvir, terça-feira, o investigador do NIC (Núcleo de Investigação Criminal) da GNR, João Pereira, que coordenou o inquérito policial aos dez arguidos acusados de terem assaltado o banco Santander, na dependência da Avenida Central, em Braga, e várias
vivendas na região minhota.
As audiências, que decorrem no pavilhão desportivo de Maximinos, foram, agora, abertas ao público, o que não sucedeu nas últimas três sessões.
Em julgamento, estão nove homens – quatro em prisão preventiva e um em domiciliária – e uma mulher, por assaltos ao Santander e a dez vivendas. Eles estão acusados de associação criminosa e furto qualificado, e a mulher, companheira de um deles, apenas por furto.
O grupo está acusado pelo MP de furtar 4,7 milhões, em dinheiro e bens, (sem contabilizar a moeda estrangeira), em dez assaltos a casas e ao Santander, em Braga, Ponte de Lima, Arcos de Valdevez e Viana do Castelo.
Associação criminosa
O MP calcula que, só do banco, três arguidos levaram 2,6 milhões em dinheiro e 400 peças de 52 cofres. Ao todo, quatro milhões. Entre os lesados, com casas assaltadas e carros furtados, estão o empresário Domingos Névoa, o cantor de Arcos de Valdevez, Delfim Júnior, e o médico e antigo atleta do SC Braga, Romeu Maia. A investigação foi da GNR e da Polícia Judiciária do Porto.
O MP considera que o mentor da “associação criminosa” é o arguido Joaquim Marques Fernandes (de Priscos, Braga) o qual terá criado o gangue em parceria com Vítor Manuel Martins Pereira (de Vila do Conde), Luís Miguel Martins de Almeida (de Braga) e Rui Jorge Dias Fernandes (Braga).
O grupo engloba, ainda, Paulo Sérgio Pereira, (irmão de Vítor), de Famalicão, Mário Fernandes, de Braga, Cristiana Guimarães, de Braga, André Filipe Pereira, de Famalicão, e Manuel Oliveira Faria, de Braga.
Terá atuado desde 2017 e até Junho de 2018. Utilizava recursos tecnológicos sofisticados, como inibidores de telecomunicações e de alarmes, GPS, clonadores de chaves eletrónicas de automóveis e instrumentos para neutralizar cães de guarda.