Faz hoje um ano que começou o projeto “Virar a Página”, cantina solidária de Braga, que já serviu 140 mil refeições a pessoas carenciadas.
Em comunicado, o projeto nascido no Colégio Luso Internacional de Braga (CLIB)considera que o projeto, “surpreendentemente, se revelou uma resposta imprescindível na emergência alimentar, agravada no início da pandemia, e que parece estar para durar”.
Tudo começou com a suspensão das atividades letivas presenciais em março do ano passado, tendo o CLIB improvisado um plano de confeção e entrega de almoços e jantares para pessoas que, entretanto, viram todos os seus apoios suspensos.
O colégio dispensou alguns dos seus colaboradores, que passaram a ajudar na cozinha a tempo inteiro, mas rapidamente se passou a palavra na cidade, o que trouxe mais voluntários para fazer face às várias tarefas, desde a recolha de donativos, à confeção das refeições, bem como a organização e dinamização de rotas de distribuição dos almoços e jantares.
Dependendo exclusivamente de apoios particulares e do trabalho voluntário de muitos, a base de toda esta estrutura foram sempre os donativos. O que entrava todos os dias na cozinha do CLIB era oferecido e o que saía nas rotas de distribuição também.
“As pessoas e as empresas fizeram donativos que, com grande naturalidade, se renovavam com as ofertas de outros novos doadores e os beneficiários davam mostras do seu respeito com palavras de apreço pelo apoio que recebiam. Os voluntários, felizes, continuaram o seu serviço para o bem comum”, realça a instituição, considerando que “esta foi uma prova inequívoca da vitalidade e eficácia da sociedade civil, pois a corrente solidária não parou e, com entusiasmo, assegurou refeições durante todo o ano, assegurou todas as datas e festas importantes e prepara-se para servir as refeições de uma segunda Páscoa festejada em confinamento”.
Com um projeto sem fim à vista, perante as necessidades crescentes que eram conhecidas, foram feitos esforços no sentido de conseguir apoios regulares, em forma contribuições mensais, surgiram os “Amigos do Virar a Página” que mensalmente apoiam o projeto também com pequenas verbas. E a cozinha solidária, entretanto transferida para o Centro Paroquial de Gualtar, em maio 2020, com caracter provisório, passou também a almejar um espaço definitivo, com tentativa de criação de protocolo que o possibilite.
Em dezembro, foi pedido às famílias que escrevessem o que precisavam neste Natal. As necessidades eram imensas a instituição desdobrou-se em esforços. “Foi uma corrente gigante e muito compensadora e foram distribuídas refeições melhoradas e presentes de Natal a todas as famílias beneficiárias”, aponta.
Recentemente, a Câmara de Braga apoiou o Virar a Página “com uma verba que permitiu a criação de um posto de trabalho, o que veio acrescentar eficácia no funcionamento de um espaço que sempre dependeu apenas de voluntários na sua organização diária”.
A celebrar 12 meses de refeições solidárias, num momento em que o país vive ainda em confinamento, a responsabilidade de manter o Virar a Página ativo é “um imperativo de consciência”, diz a responsável, Helena Pina Vaz.