Candidato por Braga, Louçã avisa: “Vamos à luta. Estamos capazes de fazer uma luta toda”

Eleições legislativas
Foto: LUSA

Os fundadores do BE Francisco Louçã, Fernando Rosas e Luís Fazenda alertaram hoje para o “neofascismo que ameaça devastar a esquerda”, ambicionando um “reforço muitíssimo substancial” do partido no parlamento após as legislativas antecipadas de maio.

“Hoje, de certo modo, – não é um capítulo segundo no Bloco de Esquerda, mas é um novo momento – nós precisamos de, rapidamente, combater o neofascismo. O neofascismo ameaça, igualmente, derrotar, isolar e devastar a esquerda, e não apenas isso, arrastar nesse movimento todos os direitos constitucionais, toda a democracia política, toda a capacidade de resistência e de autodeterminação do povo português”, alertou Luís Fazenda, dirigente do BE que vai encabeçar a lista do partido pelo distrito de Aveiro.

Os três fundadores do BE juntaram-se hoje, num bar em Lisboa, para um encontro intitulado “Porquê agora?”, aludindo ao seu regresso às listas do partido, mais de uma década depois.

Recuando ao ano de fundação do BE, em 1999, Fazenda lembrou que o partido surgiu com a urgência de “combater o neoliberalismo que abria caminho à direita” e foi “uma barreira a essa circunstância negativa”.

“As ameaças não são vãs, elas preparam-se no tempo para aqueles que, incautamente, um dia dizem «ah, isto aconteceu». Mas não pode ser assim, e nós cá estamos para esta nova urgência”, acrescentou o bloquista.

Francisco Louçã, cabeça de lista do partido em Braga e antigo coordenador dos bloquistas entre 2005 e 2012, manifestou a sua vontade de que o partido tenha “um reforço muitíssimo substancial” nas eleições, o que significa “muito mais presenças no parlamento”, onde atualmente os bloquistas têm cinco deputados.

“Isso será decidido pelas eleitoras e pelos eleitores. Vamos à luta. Estamos dispostos, preparados, capazes de fazer uma luta toda”, apelou, afirmando que o partido “não vai com medo nenhum para esta campanha”.

Louçã, para quem a participação dos fundadores na campanha “conta como a de qualquer jovem”, insistiu nos alertas sobre a administração Trump e respondeu a quem diz “então candidatem-se nos Estados Unidos”.

“Se não perceberam que o ascenso da extrema-direita começa em Washington e se arrasta pelo mundo com os Mileis, Le Pens, Venturas, com a política da discriminação, com o ódio, com a perseguição, então a política fica num mundo ‘zombie’”, advogou.

Fernando Rosas, historiador e antigo preso político, avisou que o país enfrenta “um dilema”: “Ou conseguimos um reforço da esquerda, no seguimento do que fizeram os nossos camaradas franceses na Frente Popular, do que fizeram os nossos camaradas do Die Linke na Alemanha, (…) ou não tenham dúvida, mais cedo do que tarde a extrema-direita está no Governo”.

“Uma esquerda digna desse nome não se rende, uma esquerda digna do compromisso que tem com o povo não se rende. Vamos para os distritos onde queremos eleger gente novamente, vamos dar a cara, vamos para o terreno, vamos dar testemunho”, acrescentou o histórico fundador, que será cabeça de lista por Leiria.

Para os indecisos à esquerda, Rosas deixou críticas ao PS por ter aprovado a polémica lei dos solos, ter “mudado a sua posição sobre imigração”, ter-se “feito de morto no combate à extrema-direita” e apoiar o rearmamento da Europa.

“É uma fábula absoluta vir dizer que se pode rearmar, comprar equipamento novo, tudo, etc, sem mexer no Estado Social, é mentira, é completamente mentira”, advogou.

Quanto a Luís Montenegro, Fazenda considerou que o “não é não” do PSD ao Chega “tem dias” e que “não há nenhuma muralha da China” entre os dois partidos, porque “não funciona ainda na geometria da coligação de Governo, mas tem funcionado na proximidade ou na osmose de políticas”.

O encontro terminou com o convite de Francisco Louçã para “uma cerveja” e uma pequena brincadeira de Luís Fazenda com o seu antigo companheiro de bancada no parlamento: “Esta fixação do Francisco na cerveja é uma novidade”.

 
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