O presidente da Câmara de Ponte da Barca anunciou hoje a nomeação de um dos três vereadores do PS como vereador a meio tempo na maioria PSD e a introdução de rotatividade na vice-presidência.
O autarca social-democrata comunicou hoje ao executivo municipal, na primeira reunião ordinária de 2019 da autarquia, o despacho que proferiu de “redistribuição de funções”, garantindo que o “reforço da equipa”, com a entrada em funções, a meio tempo, do vereador Inocêncio Araújo, eleito pelo PS, o executivo “vai poder trabalhar para colmatar as necessidades do concelho”.
Sobre a decisão da rotatividade, por um prazo de seis meses, da vice-presidência, disse que resultou da “reconfiguração” do executivo municipal e que pretende “dar sinal claro, a todos os vereadores, que a confiança em todos, é a mesma”
“A vice-presidência, ao ser atribuída a todos os vereadores que compõem o executivo, com pelouros ou áreas de atuação, é um sinal de que o executivo está coeso e procura trabalhar no desenvolvimento do território. É isso que verdadeiramente importa”, reforçou, em declarações aos jornalistas no final da reunião camarária.
A vice-presidência da Câmara de Ponte da Barca passou agora a ser desempenhada por José Alfredo Oliveira.
Questionada pelos jornalistas, a até agora vice-presidente, Maria José Gonçalves, disse que “os políticos são servidores e que é nessa qualidade que cumprirá até final” o mandato para o qual foi eleita.
“Eu fiz o ponto de situação, o presidente da câmara fez a avaliação de que resultaram as alterações hoje apresentadas. Agora, competirá aos barquenses julgar”, referiu, relembrando que se rege, “na vida e na política, pelos valores da liberdade, verdade, decência e compromisso”.
Em outubro, a professora de 55 anos absteve-se na votação do orçamento para 2019, alegando “não ter sido envolvida” na sua elaboração decidida “unilateralmente” pelo presidente da autarquia.
Em dezembro, a ainda vice-presidente da Câmara de Ponte da Barca, disse à Lusa estar a ser vítima de ‘bullying’ laboral por parte do presidente Augusto Marinho, depois de se ter abstido na votação do orçamento para 2019.
“Estou a ser, literalmente, vítima de ‘bullying’ laboral (…) de forma muito mais evidenciada depois do meu sentido de voto. Contrariamente ao que o senhor presidente disse, que era uma atitude perfeitamente democrática, as situações que se têm verificado traduzem, claramente, o intuito de me vencer pelo cansaço, levar-me a desistir”, disse.
Questionado pela agência Lusa, sobre as acusações que lhe foram dirigidas, Augusto Marinho desvalorizou.
“Já conversámos, colocámos o interesse municipal à frente. O que importa é seguir em frente e, nisso, estamos unidos para desenvolver Ponte da Barca”.
Maria José Gonçalves afirmou que “é tempo dar uma nova oportunidade” por “acreditar nas pessoas”.
O orçamento para 2019 da maioria PSD foi viabilizado por um dos três vereadores eleito pelo PS. Por despacho do presidente da câmara, Inocêncio Araújo passou hoje a vereador a meio tempo e, viu ainda aprovada, por maioria, a sua promoção de encarregado operacional a técnico superior da Câmara de Ponte da Barca.
Hoje, durante a sessão camarária, Inocêncio Araújo explicou ter aceitado de “bom grado o desafio” que lhe foi proposto.
“Saúdo e louvo este ato que não é muito comum em municípios de pequena dimensão, mas que não é inédito. Vou dar o meu contributo face aos meus conhecimentos para que resulte numa mais valia para ajudar a resolver problemas de Ponte da Barca. Essa sempre foi esta a minha postura”, frisou.
O apoio de Inocêncio Araújo à maioria PSD está na origem do pedido de expulsão do partido que a concelhia local do PS enviou, em dezembro, para o conselho de jurisdição da federação distrital.
A expulsão foi decidida na sequência de uma proposta do secretariado local de retirada da confiança política a Inocêncio Araújo, entretanto, convidado a integrar o executivo camarário liderado pelo PSD.