A candidata do Chega à Câmara de Viana do Castelo disse hoje que a primeira medida que tomará caso seja eleita nas autárquicas de setembro é pedir uma auditoria às contas da autarquia governada há 28 anos pelo PS.
“A primeira medida que tomarei será pedir a realização de uma auditoria às contas da autarquia, para saber como está a casa que vou receber. Não posso fazer nem prometer nada sem saber como estão as contas. É como fazer um raio-X para ver se tenho condições ou não para fazer o que ambiciono”, afirmou hoje à agência Lusa Cristina Miranda.
Trabalhadora independente, durante as manhãs como cuidadora de idosos e, durante a tarde, como professora de Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC), Cristina Miranda garantiu conhecer a “Câmara que já está no poder há mais de duas décadas”.
“Quando assim é, há já toda uma teia e um polvo à volta. São muitos anos a conseguir as suas clientelas. Mesmo as juntas de freguesia. Ouvi dizer, e não tenho qualquer dúvida, que muitos autarcas estão todos a dar apoio ao candidato do PS, mas isso não me surpreende nada porque eles [PS] andaram a distribuir durante duas décadas”, afirmou a candidata do Chega.
A presidente da distrital de Viana do Castelo do Chega, de 54 anos, referiu que a auditoria “não pretende castigar os maus, mas ver onde podem ser feitos cortes”.
“Sei de fonte segura que a Câmara tem uma despesa colossal. A cidade tem de voltar a ser dos vianenses e não dos interesses pessoais ou dos lobbies. O dinheiro público é escasso, não nasce nas árvores”, adiantou.
Cristina Miranda afirmou já ter “gerido empresas” e assegurou “que numa casa onde não há qualquer controlo o mais certo é haver muita despesa que pode ser cortada”.
“A Câmara tem de ter a despesa controlada, tem de emagrecer, tem de ter transparência”, sustentou.
A candidata do Chega acrescentou estar “confiante de que o Chega vai conquistar dois lugares no executivo municipal de Viana do Castelo nas próximas eleições autárquicas”.
“Vamos ser realistas. Não é do nada que se chega às eleições autárquicas e se derruba esta gente toda. A mudança vai fazer-se gradualmente. Nestas primeiras autárquicas a que concorremos acredito que vamos conseguir vereadores. Um ou dois, mas até podemos ser surpreendidos e serem mais”, vaticinou.
Cristina Miranda não escondeu que “gostava de chegar à presidência da Câmara de Viana do Castelo”, mas disse “ter os pés assentes no chão para perceber que não há ainda condições, agora, para conseguir esse objetivo”.
Defendeu ainda a necessidade de um “plano de ação rápido para apoio à economia local, sobretudo às empresas instaladas no centro histórico da cidade, que vivem muitos problemas”.
“É necessário isentá-las do pagamento de IMI, é preciso reduzir o preço dos parques de estacionamento, entre outras medidas para dar oxigénio às empresas”, defendeu.
Após a auditoria, disse ser “fundamental organizar a Câmara e pô-la a pagar aos fornecedores em 15 dias”, criticando “a falta de horários nos transportes públicos para servir os trabalhadores do concelho”, como disse ser o caso da freguesia onde nasceu e vive, Castelo de Neiva.
“Aos fins de semana e aos feriados não há transportes públicos e os horários são muito pobres, mesmo durante a semana”, lamentou.
Acabar com “os atentados ambientais no monte de Santa Luzia onde ainda não pararam de ser construídos edifícios de grande volumetria e no Parque da Cidade onde não para de nascer betão” e combater a ausência de acessos para pessoas com mobilidade reduzida e a falta de respostas para a terceira idade, são outras das medidas que defende.
“Para uma Câmara que tem tanto dinheiro para deitar fora com demolições, como a vergonhosa e criminosa demolição do prédio Coutinho ou ainda a da antiga Praça de Touros, edifícios que podiam ser requalificados, não tem dinheiro para acudir a estas questões”, observou.
Além de Cristina Miranda, concorrem às eleições autárquicas Luís Nobre pelo PS, Eduardo Teixeira pelo PSD, que concorre em coligação com o CDS-PP, Cláudia Marinho pela CDU, Jorge Teixeira pelo BE, Rui Martins pelo Aliança, Paula Veiga pelo Nós, Cidadãos! e Maurício Antunes da Silva pelo Iniciativa Liberal (IL).
Nas autárquicas de 2017, o PS conquistou 53,68% dos votos e garantiu seis mandatos. O PSD atingiu os 21,25% e dois mandatos e a CDU alcançou 8,11%, ficando apenas com um único lugar no executivo municipal.
As próximas autárquicas estão marcadas para 26 de setembro.