A Câmara de Caminha deu hoje início a um investimento que vai permitir criar mais de 14 quilómetros de rede de saneamento de águas residuais e cinco estações elevatórias para servir 493 habitações e 558 habitantes.
A empreitada, de dois milhões de euros, decorrerá durante um ano e resulta da adesão de Caminha à empresa de gestão das redes de água em baixa e de saneamento Águas do Alto Minho (AdAM), e permitirá ainda “alargar a rede de abastecimento de água em Moledo, para servir 22 habitações” daquela freguesia.
As obras, explicou o município em comunicado, vão beneficiar as freguesias de Venade, Azevedo, Moledo e Âncora.
“Apesar da pandemia que tomou conta do nosso quotidiano, a vida tem de continuar, no presente e no futuro. O presente é aquele em que mulheres e homens estão a trabalhar para a comunidade, pessoas que têm o seu emprego e assim o mantêm”, sublinhou o presidente da Câmara de Caminha, citado naquela nota.
O socialista Miguel Alves destacou ainda que “na empresa que vai realizar as obras trabalham várias pessoas do concelho e outras foram contratadas há dias, numa dinâmica que se estende a subcontratações de serviços e compras a fornecedores de matéria-prima”.
“Uma dinâmica que tem ajudado a que o concelho de Caminha seja um dos que mais resiste, numa altura em que o emprego decai e está ameaçado por todo o país. Mas há também um trabalho para o futuro: um dia a pandemia vai passar e até lá o concelho de Caminha não vai deixar de fazer o seu trabalho (…). A isto chama-se estratégia”, frisou.
Miguel Alves acrescentou que atualmente “estão a ser investidos quase 900 mil euros em Venade e Azevedo”, sendo que naquela última freguesia, “não existe um centímetro de saneamento”.
“Não fazemos contas de cabeça. Todos têm direito, as freguesias mais povoadas e as menos povoadas”, avisou.
Presente na consignação da obra, o presidente não executivo da AdAM, Carlos Martins, destacou que “o montante de investimentos nos diversos municípios atingirá os 33 milhões de euros até final de 2022”.
Citado na nota enviada pela autarquia de Caminha, Carlos Martins “assumiu que nem tudo ainda está a funcionar bem, mas há um trabalho que está a ser continuado que, entre outros, tem por objetivo reduzir o desperdício de água na rede”.
Carlos Martins “explicou que haverá um grande investimento em telemetria, controlo de caudais e resposta rápida a ruturas para reduzir as perdas de água”.
A AdAM é detida em 51% pela Águas de Portugal (AdP)e em 49% pelos municípios de Arcos de Valdevez (PSD), Caminha (PS), Paredes de Coura (PS), Ponte de Lima (CDS-PP), Valença (PSD), Viana do Castelo (PS) e Vila Nova de Cerveira (Movimento independente PenCe – Pensar Cerveira), que compõem a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.
Três concelhos do distrito – Ponte da Barca (PSD), Monção (PSD) e Melgaço (PS) – reprovaram a constituição daquela parceria.
A nova empresa começou a operar em janeiro, “dimensionada para fornecer mais de nove milhões de metros cúbicos de água potável, por ano, e para recolher e tratar mais de seis milhões de metros cúbicos de água residual, por ano, a cerca de 70 mil clientes”.
A constituição da empresa tem sido contestada por vários partidos e pela população de alguns concelhos, que se queixam do aumento “exponencial” das tarifas e do mau funcionamento dos serviços.
Em agosto, a empresa pediu desculpa pela “incorreção” detetada num “lote” de leituras dos consumos de maio, que afetou as faturas de 495 clientes de seis concelhos da região, garantindo estar a processar notas de crédito.
Meses antes, em abril, a empresa tinha sido obrigada a suspender a faturação depois de terem sido detetados erros de faturação que afetaram 15 mil consumidores.