A vida, a obra e os factos da época em que Camilo Castelo Branco viveu em Famalicão estão a ser estudados pela câmara local que anunciou hoje estar a preparar um projeto de valorização do património do escritor.
A finalidade deste projeto é, lê-se numa nota autárquica, apostar em Camilo Castelo Branco como “produto turístico de sucesso”, sendo que a câmara tem a intenção de liderar, em colaboração com outras entidades, “um projeto de valorização do património camiliano”.
A nota aponta como possíveis parceiros os membros da Associação das Terras Camilianas, bem como outros municípios e entidades da região Norte que estejam direta ou indiretamente relacionados com a vida e a obra do romancista.
Recorde-se que em Vila Nova de Famalicão “mora” a Casa de Camilo, local onde o escritor viveu até cometer suicídio em 1890, tendo nascido paralelamente um centro de estudos, projetado pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira, dedicado especialmente ao romancista.
E, no âmbito da dedicação deste concelho minhoto a Camilo Castelo Branco, realizou-se hoje o debate “O Património Camiliano: Que requisitos para uma rota turística?” (na imagem) que reuniu em S. Miguel de Seide um convidados das áreas da cultura e do turismo.
Nesta iniciativa foi recordado que certo dia, um turista japonês viajou até S. Miguel de Seide para visitar a Casa-Museu Camilo Castelo Branco, depois de ter assistido ao filme de Manoel de Oliveira, “O Dia do Desespero” – que descreve os últimos anos da vida do escritor – num ciclo de cinema em Tóquio.
“Camilo deixou-nos os recursos e a matéria-prima necessária, saibamos agora potenciá-lo e valorizá-lo. A sua vida, a sua obra e os factos da época, as romarias, a gastronomia, a música”, destacou o diretor da Casa de Camilo, José Manuel Oliveira.
“Certo dia, um turista japonês viajou até S. Miguel de Seide para visitar a Casa-Museu Camilo Castelo Branco, depois de ter assistido ao filme de Manoel de Oliveira, “O Dia do Desespero” – que descreve os últimos anos da vida do escritor – num ciclo de cinema em Tóquio. O japonês ficou de tal forma apaixonado pelo cenário do filme que quis visitar o espaço onde Camilo Castelo Branco viveu e onde cometeu suicídio a 1 de junho de 1890”.
O mesmo responsável tinha referido, a propósito do lançamento de uma versão do livro “A Queda dum Anjo” em mirandês, que existe a “preocupação” que a Casa de Camilo “não seja apenas museu”.
“Para mantermos viva a memória de Camilo Castelo Branco não basta ter a casa onde ele viveu. Provavelmente a Casa de Camilo é em Portugal, infelizmente, o único exemplo em que uma casa de escritor tem associado um centro de estudos que tem desenvolvido uma atividade regular”, referiu o diretor.
Neste sentido tem início sexta-feira a terceira edição dos Encontros Camilianos, cujo programa se estende de Famalicão a Caçarelhos, Vimioso, Miranda do Douro e Lisboa.
O destaque desta iniciativa é o lançamento, 150 anos depois do primeiro livro editado, de “A Queda dum Anjo” em língua mirandesa, a segunda língua oficial em Portugal, oriunda de Terras de Miranda de onde a personagem principal do romance camiliano, o político Calisto Elói é natural.
A programação inclui ainda a entrega do Grande Prémio de Conto à escritora Teresa Veiga, bem como apresentado o carimbo dos CTT evocativo dos 150 anos da primeira edição de “A Queda dum Anjo”, uma peça de teatro, uma exposição e uma feira do livro, sendo que a parte científica conta com a participação de especialistas nacionais e estrangeiros.
No convite para os Encontros Camilianos, o presidente da câmara de Famalicão, Paulo Cunha, aponta que é objetivo “promover o debate e a reflexão interdisciplinar em torno das temáticas camilianas, contribuindo, assim, para a melhor divulgação da vida e da obra de Camilo Castelo Branco e para sedimentar a sua política de intervenção cultural e científica a favor da língua e da cultura portuguesas”.
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