Os serviços de fiscalização da Câmara de Braga e a Polícia Municipal vão intimar a proprietária de um prédio devoluto sito no cimo do Campo da Vinha, para que entaipe as entradas do edifício, de forma a evitar que seja dormitório de pessoas sem abrigo.
“Já informei os serviços e o aviso segue na próxima semana”, disse a O MINHO, a vereadora Olga Pereira, que tutela a Polícia Municipal.
Em resposta, Mavilde Ribeiro, que tem um diferendo judicial no Tribunal Administrativo com a Câmara, de 82 milhões de euros, por causa de uma quinta em Montariol, disse a O MINHO que não vai tapar portas e janelas para impedir que alguém entre: “A Câmara tem lá, há anos, um projeto meu para a recuperação da casa que nunca mais é aprovado. Quando o fizerem, fica resolvido”.
Risco de incêndio
Os comerciantes da zona cimeira da Praça Conde de Agrolongo (vulgo Campo da Vinha), em Braga, temem que se declare um incêndio nesse prédio vizinho, um antigo talho com rés-do-chão e primeiro andar, que está ocupado por alguns sem-abrigo.
O prédio era acessível pelas traseiras, por um buraco feito numa rede de arame, numa pequena ruela que dá acesso à rua dos Chãos. Mas, agora, os ocupantes do prédio abriram a porta de vidro do antigo talho e entram pela frente. Ao lado, existem várias lojas e vive, ainda, um casal.
A porta fronteira, de vidro, está aberta, pelo que é fácil ver o muito lixo que ali existe, bem como o intenso cheiro a urina, indiciando que o antigo talho é usado como casa de banho. E a nossa reportagem registou duas pessoas a entrar.
Perigo de incêndio
Em declarações a O MINHO, quatro comerciantes da zona disseram nada ter contra as pessoas que ali vão pernoitar, mas avisaram que, dada a estrutura da casa, do período oitocentista, em madeira e gesso, eles possam atear um incêndio e este leve, também, os edifícios anexos.
Um deles, que pediu o anonimato, com medo de represálias, -“pois basta um deles atirar, para se vingar, uma purisca ou um papel a arder e a minha loja arde logo” – adiantou que tem uma carta escrita para enviar à Câmara, a pedir a tomada de medidas, e culpa a proprietária, a empresária Mavilde Ribeiro. E assinalam que, o prédio anexo, do empresário Domingos Névoa, está devidamente entaipado.
Os lojistas lembram o incêndio ocorrido há três anos numa casa da Rua do Carvalhal, a cem metros de distância, que também era frequentada por pessoas sem-abrigo. “Acendem fogueira no inverno”, avisam…
Notam, também, a existência de furtos na zona, como sucedeu, há dias, com um na Flor do Vouga, uma das casas de petiscos mais antigas do centro de Braga: “não dizemos que são os que ali dormem a furtar. Mas o facto de ser uma espécie de pousada para pessoas sem-abrigo, pode potenciar os roubos”, alertam.