A Câmara de Santo Tirso manifestou-se hoje contra a reativação do aterro sanitário pela Resinorte no concelho, revelado na terça-feira à Lusa pelo presidente da câmara do concelho vizinho da Trofa, que confirmou que a reabertura irá abranger os dois municípios.
Sérgio Humberto confirmou que a freguesia de Covelas, na Trofa, vai receber a extensão do aterro sanitário que será reativado em Santo Tirso, recebendo a sua autarquia “dois milhões de euros de indemnização”.
Denominado de “unidade de confinamento”, o aterro será explorado pela Resinorte, empresa com “uma dívida do PS de 2,8 milhões de euros, depois de, entre 2010 e finais de 2013, nunca ter pagado nada da deposição dos resíduos sólidos urbanos”, explicou Sérgio Humberto.
Foi então acordado, prosseguiu o autarca, “indemnizar a autarquia em dois milhões de euros sobre a dívida gerada pela gestão socialista e que estava já reduzida a 1,9 milhões de euros”.
Hoje, a Câmara de Santo Tirso, liderada por Alberto Costa, afirmou desconhecer “a existência de qualquer projeto relativo à utilização do desativado e selado aterro sanitário localizado na antiga freguesia de Santa Cristina do Couto por parte da Resinorte para tratamento dos lixiviados produzidos pelos resíduos urbanos”.
“A câmara municipal manifesta-se frontalmente contra a reativação do aterro sanitário de Santo Tirso, encerrado em 2016, para dar lugar a uma zona verde, ao fim de cerca de 30 anos a servir as populações dos municípios de Santo Tirso, Trofa, Famalicão e Guimarães”, lê-se na nota de imprensa.
Dando conta de que vai solicitar “esclarecimentos urgentes e cabais às entidades públicas e privadas envolvidas no eventual projeto de construção de um novo aterro na região do Vale do Ave e de reativação do aterro sanitário de Santo Tirso”, o executivo socialista prometeu “ir até às últimas consequências no sentido de se fazer cumprir o acordo de selagem do aterro sanitário de Santo Tirso estabelecido com a Resinorte e defender a população”.
Sobre o acordo de selagem referido, a câmara argumentou que o que ficou “estabelecido com a Resinorte era, nesta fase, a execução de operações de acomodação e consolidação das massas de resíduos depositadas”.
Na terça-feira, Sérgio Humberto, eleito pela coligação PSD/CDS, enfatizou que a instalação do aterro “cumpre uma legislação muito exigente”, relatando ainda que o projeto “já foi aprovado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), pela ERSAR – Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos e pelo Ministério do Ambiente”, ficando a faltar “a aprovação da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Norte e a desafetação da REN – Rede Energética Nacional”.
“As indicações técnicas que tenho é que um aterro sanitário cumpre todos os requisitos e que não provoca qualquer tipo de constrangimento”, disse ainda o autarca da Trofa, reiterando que “o impacto para o município e para a população é zero, não há cheiro, nem contaminação das linhas de água”.
Informando que o aterro “vai funcionar dos dois lados [Santo Tirso e Trofa], pois assim será aproveitada a estrutura do lado de Santo Tirso, designadamente do tratamento dos lixiviados”, explicou que a Covelas “os resíduos vão chegar em fardos, da unidade de processamento dos resíduos urbanos de Riba d’Ave, para serem depostos”.
Sérgio Humberto admitiu que o “arranque da operação aconteça em meados de 2021”, mas admitiu atrasos devido às licenças que falta obter.