O presidente da Câmara de Ponte da Barca retirou hoje as barreiras colocadas pelo município na fronteira da Madalena, em Lindoso, como forma de protesto pela não abertura desta passagem, a única que dá acesso direto à província de Ourense.
Augusto Marinho esteve pelas 13:00 horas deste domingo no local e deu instruções a técnicos para remover as barreiras que foram colocadas pela própria autarquia aquando da decisão, a nível nacional, de encerrar novamente as fronteiras com Espanha.
No entanto, e face ao recuo do Governo em relação a outros locais, como Melgaço e Montalegre, onde foi concedida a autorização de passagem com justificação, à semelhança do que já acontecia em Valença e Monção, o autarca quer ver o mesmo acontecer com a fronteira barquense, já inserida dentro do Parque Nacional Peneda-Gerês.
Em declarações a O MINHO, o autarca confirma que foi “levantado todo o material da autarquia que estava na fronteira da Madalena, uma vez que o Governo decidiu manter o encerramento desta fronteira, e é uma situação que eu considero muito injusta”.
“Isto só pode dever-se a um desconhecimento do Governo perante a realidade da nossa fronteira, que é muito movimentada a nível de trabalhadores transfronteiriços e transporte rodoviário. Ou então está a fazer uma gestão politico-partidária, algo que não acredito”, afirmou Augusto Marinho.
O autarca recorda que esta fronteira é “muito utilizada pelos transportes de mercadoria de toda a zona do distrito de Braga e Viana, porque é um percurso mais direto e que evita custos adicionais como portagens”.
600 quilómetros que poderiam ser “15 ou 20”
“Um trabalhador que se encontra em Lindoso, para ir a Lobios, tem de percorrer quase 600 quilómetros quando poderia em 15, 20 quilómetros chegar ao destino. Acresce que temos empresários de Ponte da Barca que diariamente percorrem com várias viaturas a fronteira de Valença mas isso traz custos elevados”, explica o autarca.
“Pedimos uma abertura parcial, para a economia ficar com menos impactos e também para a sua alternativa (Valença) poder ver reduzida a afluência porque os tempos de espera naquele local também são elevados”, sublinha.
Augusto Marinho mostra-se preocupado com as notícias que têm vindo a público sobre trabalhadores transfronteiriços que já utilizam rotas de contrabando pelo meio dos montes, arriscando a vida.
“Pedi ao Presidente da República para analisar esta situação”, revela ainda o autarca, afirmando que, em termos de saúde pública, não haveria grande impacto, porque os trabalhadores não iriam aumentar: “Falo dos que agora vão por Valença e que poderiam muito bem passar por aqui”.
PS local contra o Governo
Também o PS de Ponte da Barca, partido que lidera a oposição na Câmara, veio a público manifestar-se contra a decisão de não abertura desta fronteira, acusando o Governo de ter “dois pesos e duas medidas”.
“O PS de Ponte da Barca considera ofensivo e um disparate a não criação de um ponto de passagem na Fronteira da Madalena, Lindoso. Esta situação é muito grave e desrespeita os trabalhadores e empresários de Ponte da Barca”, refere a concelhia daquele partido, em nota de imprensa.
O PS recorda que “há passagem de fronteira em Valença, Monção e Melgaço (rio Minho), três locais, mas não existe nenhum ponto de passagem no Vale do Lima”.
“O PS de Ponte da da Barca entende que o Governo não pode ter dois pesos e duas medidas e exige a abertura imediata da Fronteira da Madalena”, finaliza a nota dos socialistas.
Melgaço e Montalegre passam a PPA
Na sexta-feira, o Ministério da Administração Interna (MAI) anunciou que o controlo de pessoas nas fronteiras entre Portugal e Espanha vai manter-se até 01 de março devido à pandemia de covid-19.
A partir desta segunda-feira, passam a existir mais dois pontos de passagem autorizada (PPA), em Melgaço e Montalegre, informou o ministério. Ponte da Barca ficou de fora.