O site da Câmara de Caminha foi alterado para deixar de apresentar parte de um documento que prova ter sido o gabinete de Miguel Alves a difundir um currículo falso de Ricardo Moutinho, empresário com quem tinha sido negociado o polémico projeto do Centro de Exposições Transfronteiriço, avança o jornal Público. O atual presidente, Rui Lages, responsabiliza o antecessor.
Segundo aquele jornal, inicialmente, Rui Lages, que foi vice-presidente de Miguel Alves, negou qualquer alteração, mostrando-se até disponível para que “quem de Direito” efetuasse uma auditoria ao site. Mas, quando confrontado com provas das alterações, Rui Lages remeteu a responsabilidade para Miguel Alves.
“Consultada a empresa que criou o website da Câmara Municipal, apurámos que o [referido] texto foi criado em 2020/09/26 (10:12), foi posteriormente alterado, designadamente o posicionamento na página. Posteriormente à data de 2021/05/10 (14:47) não sofreu mais qualquer alteração. Como se constata e na gestão do senhor presidente da Câmara, Rui Lages, não foi realizada qualquer alteração”, pode ler-se num comunicado da Câmara, em que esta se queixa de uma “cruzada insana”.
“Interações e alterações nos conteúdos não são ‘manipulações’, mas, reiteramos: não foi feita qualquer alteração no texto em causa, seja do que for, há mais de um ano, muito menos após 30 de setembro de 2022, como o senhor jornalista sempre repetiu nas questões que colocou a esta Câmara”, vinca o comunicado que, no entanto, nunca alude ao facto de as informações falsas no currículo de Ricardo Moutinho terem sido retiradas do site.
No texto publicado lia-se que Ricardo Moutinho foi “assessor do Ministro de Estado e das Finanças, no decurso do XXI Governo Constitucional”, que era então Mário Centeno, e “consultor da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC)”. Ambas informações falsas. Para além disso, o empresário era apresentado no documento como PhD (doutorado), quando na verdade não possui esse grau académico.