A Câmara de Braga vai pôr à venda o complexo da antiga saboaria ‘Confiança’ por quatro milhões de euros, sendo que o caderno de encargos “salvaguarda o princípio da valorização do património arquitetónico”, garantiu hoje o presidente da autarquia.
Em declarações à Lusa, Ricardo Rio (PSD/CDS-PP/PPM) garantiu ainda que as condições da venda explicitam que aquela zona está classificada como área de equipamentos no Plano Diretor Municipal e que “não será feita” nenhuma alteração àquela classificação, pelo que “não se vai mais transformar chouriços em porcos”.
A autarquia comprou o complexo da Fábrica Confiança por 3,5 milhões de euros em 2012, ainda quando a autarquia estava sob a alçada de Mesquita Machado (PS), tendo em vista a reabilitação dos edifícios e a criação de uma área museológica que preservasse a memória da indústria da cidade.
“Obviamente que estamos a avançar para esta lógica da alienação porque temos que fazer opções, temos que gerir os recursos que temos e, neste momento, face ao volume de projetos em curso, não teríamos recursos para intervir na ‘Confiança’ e não há financiamento europeu para esse efeito”, justificou o autarca, que já tinha anunciado, ainda em 2017, que a alienação era “uma opção viável”.
“Temos ainda outras prioridades em projetos em curso, o que condenaria a fábrica a ficar degradada e vazia nos próximos anos, e entendemos que, para cumprir o objetivo central para aquele espaço, a regeneração de toda aquela zona pode ser um privado a fazê-lo”, explanou.
Quanto ao valor, a proposta que vai à reunião de câmara, marcada para quarta-feira, “ronda os quatro milhões de euros”.
No entanto, a venda estará sujeita a “algumas especificidades” uma vez que, garantiu Ricardo Rio, “a câmara não vai aceitar que seja feita a qualquer custo”.
“Têm que ser salvaguardados princípios como a valorização do património arquitetónico dos edifícios, questões como as fachadas, a recuperação da chaminé, da volumetria, a questão da preservação da memória da fábrica, com a obrigação de garantir um espaço expositivo, neste caso 500 metros quadrados, para futura elaboração de um centro museológico ligado à memória da fábrica e da indústria”, enumerou.
Ricardo Rio deixou ainda outra garantia: “Enfatizámos [no caderno de encargos da alienação] que aquela área está classificada no Plano Diretor Municipal como zona de equipamento e nunca surgirá ali, por exemplo, uma zona de apartamentos, porque não vamos promover a nenhuma alteração daquela classificação”, disse.
“Queremos que acabe o tempo que em Braga se vendiam chouriços e se transformavam em porcos a seguir”, explicou.
Questionado sobre se há interessados no negócio, Rio assegurou que sim.
“Há interessados. Houve vários promotores, ligados por exemplo à área de residências universitárias, privadas, naturalmente, que nos ligaram neste sentido”, adiantou.