A vice-presidente da Câmara de Braga, Sameiro Araújo, desmentiu, hoje, em declarações a O MINHO, que a requalificação do pavilhão desporto das Gouladas, em São Vítor, vá inviabilizar o uso do espaço pelos alunos do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian: “não vai haver alteração de piso que será o mesmo. E, não há escola nenhuma que não queira ter aulas de educação física em piso de madeira, que é o indicado”, frisou.
O MINHO foi contactado hoje no local por dois moradores que contestam a obra de requalificação que o Município ali vai realizar, com início para daqui a alguns dias, dizendo que, com a alteração do piso e a ocupação do pavilhão pelos atletas da formação do Hóquei Clube de Braga, não haverá horários nem condições para que os estudantes da escola de música o possam frequentar.
Sobre a impossibilidade de frequentar o pavilhão por causa dos horários, Sameiro Araújo – que tutela a área do Desporto – diz que tal afirmação não é correta, já que os treinos da formação do clube hoquista começam às 17:30 ou às 18 horas: “há horários disponíveis e nenhum aluno fica sem aulas de ginástica”, garante.Gulbenkia
Dossier entregue ao PR
Hoje, e em comunicado, Helena Queirós, uma das porta-vozes dos moradores da zona, adiantou que o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa ouviu e recebeu – quando esteve em Braga no congresso das freguesias – um documento do grupo de moradores de São Victor, manifestando “indignação e razões para o absurdo da obra de aumento do Pavilhão das Goladas”.
“Na Europa o momento é o da loucura da guerra e o processo de requalificação e ampliação do Pavilhão sofre do mesmo despotismo e totalitarismo de uma edilidade que nunca quis ouvir, nunca mostrou o projeto em tempo devido, nunca respondeu ao abaixo-assinado das centenas de moradores e age com prepotência, descaramento e arrogância”, diz o comunicado.
E acrescenta: “Mesmo com a entrega na Proteção Civil de um estudo que demonstra que a ampliação e reabilitação do Pavilhão das Goladas não cumpre requisitos mínimos, a Câmara Municipal de Braga, pela voz de Ricardo Rio, mantém um projeto que nem pensado tem o arranjo urbanístico em redor da obra”.
Neste sentido, – prossegue o documento – “e aproveitando a presença do Presidente da República em Braga, os moradores entregaram um documento com os seus motivos, na esperança que se impeça o abate de 16 árvores, a diminuição de um espaço verde e o início de uma obra que serve interesses estranhos e compadrios, não os moradores ou comunidade educativa! Num momento em que temos de ser os primeiros a defender a manutenção e ampliação de espaços verdes para a nossa própria sustentabilidade, o pequeno espaço ficará abatido de sentido, ocupado pelo betão, arruinando assim o pouco bem-estar dos locais”.
Pavilhão serve clube e alunos
Recorde-se que, no final da última Assembleia Municipal, Ricardo Rio disse que a obra no pavilhão, que custa 1,6 milhões, vai servir quer o clube quer os 400 alunos da Escola de Música Calouste Gulbenkian, quer ainda os habitantes e outras associações desportivas.
Os residentes queixaram-se, na reunião, de que, antes do pavilhão, havia, no local, um ringue público onde as pessoas iam divertir-se: ”agora, mesmo uma escola que dele usufrui tem de pagar”, asseguram.
A este reparo, o autarca respondeu que o pavilhão foi feito, ao tempo da gestão de Mesquita Machado, precisamente, a pedido dos moradores porque o ringue tinha silvas e ervas daninhas e não servia a comunidade. Pedido, esse, suportado pela Junta de Freguesia, também gerida pelo PS.
Sobre o corte da zona verde, disse que, do outro lado da rua, há o Complexo Desportivo e de Lazer da Rodovia, que podem frequentar, e garantiu que os técnicos da Câmara já se mostraram disponíveis para ouvir reclamações e sugestões.