A Câmara de Braga aprovou hoje, com a abstenção da CDU, o lançamento do concurso público para o projeto e a construção de uma residência universitária com cerca de 700 camas na antiga fábrica de sabonetes Confiança.
A vereadora da CDU, Bárbara Barros, justificou a abstenção com a “densidade construtiva” inerente ao projeto, nomeadamente um edifício novo com sete andares.
“Não se coaduna com a volumetria do edifício da fábrica”, referiu, defendendo que a construção deveria ser mais “na linha horizontal do que vertical”.
Na resposta, o presidente da câmara, Ricardo Rio, explicou que o objetivo é conseguir “o maior número de camas possível”, para dar resposta à insuficiência de alojamento estudantil na cidade.
“Por isso, o número de pisos pode ser maior do que o desejável”, admitiu.
O PS sugeriu, e a maioria aceitou, que no caderno de encargos para o vencedor do concurso conste a obrigatoriedade de reservar um espaço expositivo para obras “de muito grande formato”.
Na reunião de hoje, foi ainda aprovada, por unanimidade, um protocolo a estabelecer com os proprietários da marca “Confiança” para a criação de um espaço de memória expositiva com o espólio ainda existente da antiga fábrica.
Segundo o presidente da câmara, a residência universitária, que irá a concurso por 25,5 milhões de euros, deverá estar pronta em finais de 2024.
A obra vai decorrer ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A futura residência será gerida pela Universidade do Minho.
A fábrica Confiança foi inaugurada em 1921, tendo produzido perfumes e sabonetes até 2005.
Em 2012, foi adquirida pela câmara, então presidida pelo socialista Mesquita Machado, por 3,6 milhões de euros.
Chegou a ser aberto um concurso de ideias para o edifício, mas, entretanto, em 2013 a câmara mudou de mãos e em setembro de 2018 a nova maioria PSD/CDS-PP/PPM votou pela venda, alegando que, por falta de fundos disponíveis para a reabilitação, o edifício se apresentava em “estado de degradação visível e progressiva”.
A câmara promoveu duas hastas públicas para tentar alienar o imóvel, pelo preço base de 3,6 milhões de euros, mas não apareceu nenhum interessado.
Por isso, a câmara optou pela transformação do edifício em residência universitária, aproveitando os fundos do PRR.
Para Ricardo Rio, este é “um projeto de referência para o futuro do concelho de Braga”, que vai “acorrer a muitos objetivos e muitas necessidades do concelho, em particular a disponibilização de mais camas a estudantes universitários”.
O autarca acrescentou que, paralelamente, a intervenção “vai garantir a salvaguarda da dimensão patrimonial do edifício e criar novas dinâmicas de interação com a envolvente”, com a regeneração daquela zona.
“É uma grande mais-valia, porque se trata de um eixo central de ligação entre a universidade e o centro da cidade”, considerou.