A decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), de Lisboa, autorizar o presidente da Câmara de Barcelos a contactar novamente com os funcionários municipais levou, esta terça-feira, a autarquia a salientar que Miguel Costa Gomes “mantém intactas todas as suas competências e funções”.
Por outro lado, o PSD lembra que, apesar do alívio das medidas de coação, a justiça mantém a “investigação de um processo que contém fundados indícios da prática dos crimes de que vem acusado”.
Em comunicado, o Município de Barcelos revela que, no despacho proferido no passado dia 24 de junho, o Juíz Carlos Alexandre considerou “extintas por decurso do seu prazo máximo legalmente admissível” as medidas de coação impostas ao autarca no âmbito da Operação Teia, designadamente, “a proibição de contactos com os funcionários da Câmara Municipal de Barcelos, bem como funcionários da empresa Mediana e demais empresas da arguida Manuela Couto”.
Presidente da Câmara de Barcelos autorizado a falar com funcionários municipais
Decisão que surge depois de o Tribunal da Relação do Porto ter anulado, em outubro de 2019, a medida de coação de obrigação de permanência na habitação, com pulseira eletrónica, substituindo-a por uma caução de 20 mil euros.
A autarquia salienta ainda que, dos recursos apresentados por Miguel Costa Gomes nas instâncias judiciais, fica ainda por decidir, pelo Tribunal da Relação de Lisboa, a declaração de especial complexidade do processo, proferida pelo Tribunal de Instrução Criminal do Porto.
“Com a decisão agora tomada pelo TCIC, o Presidente da Câmara recupera em pleno todos os contactos com os funcionários do Município, mantendo intactas todas as suas competências e funções de Presidente da Câmara Municipal de Barcelos”, refere a Câmara, acrescentando que “aguarda serenamente o desenvolvimento do processo e mantém plena confiança no trabalho de apuramento da verdade realizado pela Justiça”.
“PS está prisioneiro de Costa Gomes”
O PSD, principal partido da oposição, sublinha o facto de o Tribunal Central de Instrução Criminal ter decidido “manter a investigação ao Presidente da Câmara de Barcelos”.
“Apesar de o juiz Carlos Alexandre autorizar o Presidente da Câmara a falar com os funcionários municipais, mantêm-se as medidas de Termo de Identidade e Residência e a Caução, segundo publicação na página do PS, e a investigação de um processo que contém fundados indícios da prática dos crimes de que vem acusado”, refere o comunicado assinado pelo presidente da concelhia, José Novais.
PS de Barcelos reitera que processo contra presidente resultará “numa mão cheia de nada”
O PSD local conclui que “o PS, nacional e local, e os vereadores do PS estão prisioneiros de Miguel Costa Gomes, cujo apego ao poder no cargo de Presidente da Câmara de Barcelos o levou a governar a partir da sua casa desde 3 de Junho até 13 de Outubro de 2019, durante 130 dias seguidos, acrescido de 5 dias detido na PJ”.
O presidente da Câmara de Barcelos foi detido em 29 de maio do ano passado, no âmbito da Operação Teia, que levou também à detenção do autarca de Santo Tirso, Joaquim Couto, e da sua mulher, Manuela Couto, empresária da área da comunicação, e do presidente do Instituto Português de Oncologia do Porto, Laranja Pontes.
O processo está relacionado com alegados favorecimentos às empresas de Manuela Couto por parte do município de Barcelos e do IPO/Porto, a troco de favores políticos conseguidos por Joaquim Couto.