O presidente da Câmara de Arcos de Valdevez disse hoje à Lusa que o município irá “cobrir” o montante necessário para que o pastor Dario Lima possa repor as 68 cabras mortas por um relâmpago.
“A Câmara irá apoiar economicamente o pastor Dario Lima para que possa repor o seu rebanho. Estamos a apelar aos produtores e a outras partes envolvidas para ajudarem o pastor a repor o seu rebanho”, afirmou o social-democrata João Manuel Esteves.
Na sexta-feira, cerca das 15:00, um relâmpago matou 68 cabras de raça Bravia de Dario Gonçalves de Lima.
O pastor, de 53 anos, andava com o rebanho, composto por cerca de 350 cabras, pelos montes de Gondoriz, em Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo.
Questionado pela Lusa sobre o montante desse apoio camarário, o autarca disse não estar ainda estimado, mas adiantou que poderá rondar 50% do valor necessário para a reposição integral dos efetivos pecuários perdidos.
“Como a Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) está também envolvida nesta causa, a Câmara irá contribuir com o montante que for necessário para que seja reposto o valor total. Em princípio, será cerca de 50% do montante necessário à reposição dos 68 animais mortos pelo relâmpago”, especificou João Manuel Esteves.
A “questão” que preocupa o autarca é a escassez de exemplares da raça Bravia no mercado.
“Estamos a apelar aos produtores de cabras de raça Bravia para colaborarem dentro da medida das suas possibilidades, assim como às cooperativas agrícolas, para tentar encontrar forma de repor o rebanho com a mesma raça autóctone”, destacou.
João Manuel Esteves sublinhou que “desde a primeira hora” que a autarquia tem estado a acompanhar o caso, através de “contactos diretos com o Ministério da Agricultura, com o secretário de Estado da Agricultura, e com a diretora Regional de Agricultura e Pesca do Norte, no sentido de apoiar, através do IFAP- Instituto de Financiamento da Agricultura, o senhor Dario Lima e a família a ultrapassar a perda das suas 68 cabras”.
O autarca insistiu no apelo “à colaboração na campanha de recolha de donativos lançada, na terça-feira, pela OMV, através de uma conta solidária”.
Hoje, o Ministério da Agricultura decidiu tratar o caso do pastor de Arcos de Valdevez que perdeu 68 cabras como “de força maior” para evitar a penalização no pagamento de ajudas a produtores agrícolas e pecuários.
“Este regime determina que a redução do efetivo de caprinos do produtor em causa não resultará em qualquer tipo de penalização no pagamento das ajudas a que se candidatou, nomeadamente na atribuição do prémio para ovinos e caprinos, no apoio à manutenção de Raças Autóctones e no apoio à manutenção da atividade agrícola em zonas desfavorecidas”, refere a nota do ministério.
Na terça-feira, em declarações à agência Lusa, o bastonário da OMV, Jorge Cid disse que “tem de ser feito um esforço grande para conseguir arranjar criadores que tenham cabras desta raça para poder repor o efetivo perdido até ao dia 30, o prazo limite determinado pelo IFAP para a contabilização do efetivo para a atribuição das ajudas financeiras”.
Na altura, Jorge Cid explicou que sem a reposição do efetivo até ao dia 30, o pastor Dário Lima “perde aproximadamente mil euros de ajudas diretas e não consegue candidatar-se às medidas agroambientais de apoio às raças autóctones”.
“Nos próximos dois anos perde um valor aproximado de 4.000 mil euros. São 10.000 euros de prejuízo provocado por um evento meteorológico inédito e que tem um impacto tremendo na atividade e condições económicas do Dário Gonçalves Lima”, referiu o bastonário.