Depois de estrear em dezembro de 2020, fruto de um enorme esforço devido à pandemia, a peça “Calígula”, de Albert Camus, volta a subir, pela mão da Companhia de Teatro de Braga (CTB) ao palco do Theatro Circo de 15 a 18 de junho às 19:00.
Em 2020, o ano dos 40 anos da CTB, o ano da máscara, da pandemia, Calígula foi a terceira estreia da Companhia de Teatro de Braga depois de “As Troianas” e de “Gostava de estar viva para vê-los sofrer”.
Encenado por Manuel Guede-Oliva, irmão galego da CTB que há mais de 20 anos partilha esta aventura teatral e cívica, e com cenografia de Acácio de Carvalho que há quarenta anos entrou na caminhada com alguns e algumas que nela se mantêm, “Calígula” é a carroça destravada contra o destino, a revolta contra a condenação à morte do homem pelo facto de o ser, o desafio contra tudo e contra todos de um ser humano que ainda não soube converter o absurdo do mundo em felicidade.
Poder sem fronteiras
Na cena nove do primeiro ato proclama Calígula a sua decisão de exercer um poder sem fronteiras, a que responde Cesónia com declarada tristeza “não sei se há que alegrar-se por isso”. Exatamente. Não tem que alegrar-se por isso. E por isso as democracias do mundo arquitetaram fórmulas para instalar fronteiras contra os desejos do poder sem fronteiras. Chama-se a isso Estado de Direito. Mecanismos que protegem (ou deviam) o cidadão da arbitrariedade e da tentação autocrática. E ao governante da atração do abuso. E, contudo, há ocasiões em que esta certeza, ainda se torna necessário ser proclamada, defendida, armada de argumentos, porque como afirmava Durrenmatt estes “são tempos estranhos em que há que lutar pelas evidências”.
Ficha Artística
O texto é de Albert Camus, com tradução de Sílvia Brito, encenação de Manuel Guede, cenografia de Acácio de Carvalho, figurinos de Manuela Bronze e Filipa Martins, desenho de luz por Fábio Tierri; criação de som por Grasiela Muller e fotografia de Eduarda Filipa.
O elenco conta com Sílvia Brito, Solange Sá, Eduarda Filipa, Rogério Boane, André Laires, Carlos Feio, António Jorge, Diamantino Esperança, José Augusto Ribeiro, Luís Beltão, Ana Cristina Oliveira, Paula Fonseca e Teresa Ferreira.