“Ando a dar injeções de antibióticos e de anti-inflamatórios, por ordem do veterinário, para tentar salvar duas ovelhas e um anho, atacados e feridos quarta-feira por uma matilha de cinco cães. Já me mataram 20, causando-me um prejuízo de dois mil euros”.
O lamento é de Leonel Ferraz, produtor de gado de Atães, Vila Verde que não tem tido descanso com as visitas da matilha. Os cães andam à solta porque o dono morreu e o canil municipal está cheio. Como não se pode matá-los, por ser crime, Leonel não tem outra alternativa, senão a de lutar contra a matilha.
Ontem, montou uma cerca fechada, para impedir a entrada dos canídeos, e vai passar a fechar os ovinos à noite, o que não sucedia pois andavam em liberdade a pastar na propriedade. “Tive de comprar ração para lhes dar, é mais uma despesa”, salientou.
O produtor agrícola montou, também, uma armadilha para cães que lhe foi entregue pelo serviço municipal de veterinária. “Esta manhã a armadilha estava acionada, os cães tê-la-ão rondado, mas nenhum foi apanhado”, disse, sublinhando que “o problema é que só apanha um de cada vez. Assim sendo, ainda vou ter de os gramar mais cinco dias”, lamenta.
Os ataques à sua propriedade começaram em abril, pararam, então, e recomeçaram em setembro, com uma frequência quase diária: “Os animais andam pelos campos, os cães entram e matam-nos sem os comer”.
Os canídeos eram propriedade de um homem da freguesia que já faleceu, tendo, por isso, ficado sem dono, a viver nas ruas. Em abril, uma senhora idosa, da zona, tomou conta dos bichos e os ataques estancaram: “A mulher também faleceu e os cães voltaram a andar em matilha”.
O produtor de gado, que antes da pandemia tinha uma empresa de táxis, a TaxiBraga, – hoje quase parada por falta de clientes – apresentou, também, queixa contra o Município na GNR alegando que “tem obrigação legal de resolver o problema”.
E pergunta: “quem me vai indemnizar pelos prejuízos”?