Região
Caçadores abatem cabras-monteses no Gerês para vender cabeças por milhares de euros
GNR e ICNF investigam
O caso dos dois machos de cabras-monteses encontrados com a cabeça decepada, na Serra do Gerês, cujos chifres são vendidos por milhares de euros, está a ser investigado pelo Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, enquanto os vigilantes da natureza do ICNF estão a reforçar os patrulhamentos nas zonas.
Tal como O MINHO noticiou, na sequência dos alertas do grupo de cidadania “O Gerês”, com cerca de dez anos de atividade na defesa do Parque Nacional, dois machos de cabras-monteses foram encontradas com a cabeça decepada.
Na base destes crimes estará o dinheiro, já que grupos de caçadores, todos com grande espírito predador, embora alguns estando devidamente encartados, abatem os machos, pois sabem que têm quem lhes compre, a uma média de seis mil euros cada um, a cabeça dos Capra Pyrenaica Victoriae.
Foto: Comunidade “O Gerês”
Serão vendidos para os colecionadores os embalsamarem, fazendo de conta que foram eles próprios que os caçaram, além do mais poupando assim o valor das licenças, de cerca de doze mil euros, para fazerem essa caça do lado espanhol.
Ao contrário de Portugal, em Espanha já é legal caçar uma cabra-montês, mas as licenças são, comparativamente, muito mais caras do que para caçar um leão em África, além de que um caçador na zona galega tem de aguardar quando é o momento para matar o animal, sempre acompanhado com um vigilante espanhol, que já tem o macho escolhido a dedo, pelas autoridades do país vizinho, para que não se destrua o equilíbrio da espécie.
Foto: Comunidade “O Gerês”
Mas como a cabra-montês se encontra no Gerês há 30 anos, numa zona transfronteiriça, há muitos casos em que são abatidas já do lado português, o que é rigorosamente proibido, mas supostamente é como se ocorresse do lado espanhol, já que a linha de fronteira é muito ténue.
Na zona alta da Serra do Gerês, os caçadores entram pela zona de Réquias, no concelho de Muiños, Província de Ourense, na Comunidade Autónoma da Galiza, para não serem vistos nas aldeias, com esperança que em caso de achados macabros de carcaças a “culpa” fique para as alcateias.
Foto: Comunidade “O Gerês”
Mas O MINHO apurou que apenas uma morte, de todas as registadas ao longo das últimas semanas, foi cometida por lobos, enquanto nos outros casos, como os dois mais recentes, entre finais de dezembro de 2021 e princípios de janeiro de 2022, nas carcaças de ambos, as cabeças desaparecerem do resto do corpo através de objetos cortantes
(facalhão e serra) e não por dentadas de lobos ou de matilhas de cães selvagens, isto é, por ação humana.
Espécie há 30 anos no Gerês
Depois da Capra Pyrenaica Lusitanica, conhecida como uma subespécie de Ibex, ter sido extinta durante um século, surgiu há 30 anos na Serra do Gerês, a “nossa” Capra Pyrenaica Victoriae, em 1992, vinda da Serra de Gredos, em Espanha, numa estratégia para povoar áreas como o Parque Transfronteiriço do Gerês-Xurés, inserido na Reserva
da Biosfera Mundial da UNESCO.
Foto: Comunidade “O Gerês”
Só que a diferente legislação nos países vizinhos, permitindo caçar cabras-monteses em Espanha e ao mesmo tempo proibindo-a em Portugal, tem vindo a estimular o abate criminoso de animais, legalmente protegidos, na ânsia do dinheiro.
Um século depois da extinção da Capra Pyrenaica Lusitanica, conhecida como subespécie de Ibex, apareceu a Capra Pyrenaica Victoriae em 1992, oriunda de uma serra espanhola, Gredos, derivado de uma estratégia nacional desse país em povoar áreas, como é exemplo fronteiriço o Parque Natural do Xurés, não se sabendo quantos animais se encontram nas Serras do Gerês e Amarela, ao fim de 30 anos de Ibex Ibérico, ou simplesmente cabra-montês, como são mais conhecidos.
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