Cabeleireiro de Braga põe ação contra Estado. “Se uns podem trabalhar, então podemos todos”

Intimação deu entrada no Tribunal Administrativo e Fiscal

Um salão de cabeleireiro de Braga deu entrada de uma ação “urgente” de intimação para a proteção de direitos, liberdades e garantias contra o Estado português no Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga. A gerente decidiu avançar para a justiça após a apresentadora Cristina Ferreira ter partilhado uma imagem nas suas redes socais em que mostrava que tinha feito extensões – e que foi motivo de fúria dos profissionais do setor. Por isso, pede “igualdade” entre setores e ‘lay off’ sem restrições.

“O cenário é assustador ao nível da saúde pública e percebemos que tenha que haver restrições. Não se trata de querer abrir para prejudicar, aliás, a nossa intenção nem passa por aí”, começa por referir Vânia Oliveira, gerente da Sorriso Figura, que detém um conhecido cabeleireiro na cidade de Braga.

Vânia Oliveira pede que “haja igualdade, proporcionalidade, se não é possível prestar serviços de cabeleireiro, então ninguém os pode prestar e, além disso, tem que haver igualdade no tratamento dos vários sectores”.

“Até porque existem exceções na lei que estão com possibilidade de abertura, são focos grandes de contágio, mas não foram obrigados a encerrar”, realça Vânia Oliveira, que já tinha abordado este assunto com os seus advogados, mas decidiu avançar com a ação após ter visto a apresentadora Cristina Ferreira “a receber tratamentos de cabeleireiro”.

Fonte: Instagram

“[Foi aí] que a revolta me surgiu e decidi, sem medos, que tinha que fazer alguma coisa não só por mim, mas pelas minhas trabalhadoras e por todos os que estão fechados e em dificuldades. Se uns podem trabalhar num conceito de domicílio, então podemos todos, ou não pode nenhum e aí entram os apoios, é tudo uma questão de igualdade”, salienta.

A gerente diz que esta reivindicação se estende “até ao nível da restauração”. “Falamos e tentamos algo muito maior, que é a questão do ‘lay-off’. Havendo dívida, o que por muitas razões pode acontecer infelizmente, e não havendo possibilidade de fazer acordos, ninguém tem direito ao ‘lay-off’. Se não trabalhamos: como vamos pagar?”, interroga.

“Queremos discutir o que se passa no país. E isto não é só na nossa área. Podemos ir ao supermercado buscar comida e comprar bebidas, mas no take-away não podemos trazer uma garrafa de água. Se encomendarmos pela Uber, já podemos ter bebida. Isto não me faz sentido”, critica Vânia Oliveira.

“Não está a haver igualdade. E a saúde está preocupante. Fechamos? Sim. Mas então que nos tratem a todos por igual e os apoios aconteçam, sem entraves, porque a fome e as dificuldades estão a surgir”, conclui.

 
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