A cabeleireira de Braga que em janeiro deste ano criou petição com uma série de reivindicações ao Governo, por causa das medidas contra a propagação da pandemia, vai ser ouvida em audição de peticionários no dia 07 de julho, pelas 12:30, na Assembleia da República, por videoconferência.
Vânia de Oliveira afirma que, “de facto, o tempo foi passando, mas há questões que ainda podemos debater, há muita gente em dificuldade”. “Estamos a reunir os porta-vozes [dos setores em maiores dificuldade] e vamos exercer o nosso direito de audição”, acrescenta.
“Aproveitamos e vamos alargar o leque, é que as coisas estão a piorar novamente e não podemos esquecer-nos dos sectores que nem chegaram a reabrir e que, aliás, nem têm esperança de abrir este verão”, acrescenta a cabeleireira, cuja petição superou as 9.000 assinaturas.
Como O MINHO noticiou, aquando do segundo confinamento, Vânia de Oliveira reclamava a possibilidade de abertura por marcação, a permissão de realização de serviços ao domicílio e a revisão dos critérios do ‘lay-off’.
A petição surgiu depois de a cabeleireira ter colocado no Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga uma ação contra o Estado, revoltada pelo facto de haver profissionais do setor – no caso os que trabalham com figuras públicas – que continuam a trabalhar, enquanto a maioria está impossibilitada de o fazer no âmbito do estado de emergência.
A revolta surgiu após a apresentadora Cristina Ferreira ter partilhado fotografias a receber tratamentos de cabeleireiro.
“A falta de igualdade e a falta de apoios ditam a voz que une, neste momento, todos os setores encerrados”, acrescentava.
“Emociono-me com a quantidade de pessoas que me procuram e me dão força, eu estou a fazer isto por todos, desde ginásios, bares, discotecas, restaurantes, organizadores de evento, profissionais liberais, prestadores de serviços de todos os sectores, daqueles que estão fechados”, realçava a cabeleireira, concluindo: “Ou alguém nos ouve, ou vamos sair à rua, em massa”.
A petição online, que, salienta, “não é contra nenhuma figura pública mas, antes, no sentido de reestabelecer a igualdade e se, para uns, a possibilidade de prestar serviços a um conceito lato de domicílio é possível, então, nas exceções legislativas do Estado de Emergência, deverá possibilitar-se essa opção ou, antes, manter os funcionamentos dos estabelecimentos assegurados pelo sistema de marcações”.
Na petição, em que pede revisão do estado de emergência e das medidas de apoio às pessoas, famílias e empresas, Vânia de Oliveira defende, tal como na intimação ao Estado, que este permita a abertura destes estabelecimentos, assente num conjunto de regras escrupulosas; permita a prestação de serviços, com todas as medidas da DGS, por domiciliação; ou permita que o acesso ao ‘lay-off’ não tenha a entrave de inexistência de dívida ao Estado.
“Queremos discutir o que se passa no país. E isto não é só na nossa área. Podemos ir ao supermercado buscar comida e comprar bebidas, mas no take-away não podemos trazer uma garrafa de água. Se encomendarmos pela Uber, já podemos ter bebida. Isto não me faz sentido”, criticava Vânia Oliveira.
“Não está a haver igualdade. E a saúde está preocupante. Fechamos? Sim. Mas então que nos tratem a todos por igual e os apoios aconteçam, sem entraves, porque a fome e as dificuldades estão a surgir”, criticava a cabeleireira, cujo protesto vai ser agora ouvido no Parlamento.