A Associação dos Festeiros do Arco (AFA), em Arco de Baúlhe, Cabeceiras de Basto, apresentou, no final de março, a candidatura da Romaria de Nossa Senhora dos Remédios do Arco de Baúlhe ao Património Imaterial Nacional, foi hoje anunciado.
Em comunicado, a AFA, responsável pela realização da festividade, salienta que também a Comunidade Paroquial de São Martinho do Arco de Baúlhe esteve empenhada no desenvolvimento e submissão deste projeto.
A AFA refere que a candidatura tem como objetivo “a preservação desta manifestação cultural imaterial, com mais de 300 anos, como elemento identitário da comunidade do Arco de Baúlhe, descrevendo, contextualizando e fundamentando o modo intensamente próprio de como os arcoenses vivem esta Romaria, que acontece sempre no primeiro fim-de-semana de setembro”.
Esta festa, tal como a maioria das Romarias, é de cariz religioso, revelando uma secular devoção à Imagem de Nossa Senhora dos Remédios do Arco de Baúlhe, que pousa na Sua Capela, mas que, no entanto, contém também um importante caráter profano, com todos as caraterísticas de uma tradicional festa minhota.
A Procissão de Velas, a Procissão do Triunfo, as Novenas Preparatórias ou as muitas celebrações eucarísticas são alguns itens que vão enriquecendo o programa religioso desta importante festa do Arco de Baúlhe, competindo com o Rock in Rua, com a “Noitada da Senhora dos Remédios”, com o Encontro de Bombos ou os Espetáculos dos Grupos e Artistas Musicais e Folclóricos como elementos principais do programa pagão.
A par do programa que compõe a festa, e que se desenvolve em setembro, também as manifestações associadas à mesma intensificam as caraterísticas idiossincráticas desta Romaria, de como são exemplo o Fim-de-Semana do Pau (Noite do Pau e Erguida do Pau da Bandeira) que funciona, simbolicamente, como o anúncio da festa ou até mesmo o Peditório executado de porta a porta e que se revela como a maior porção de dinheiro angariado para os festejos.
A AFA considera que a candidatura a Património Imaterial Nacional pretende salvaguardar a romaria de “alguns dos riscos e ameaças”, como “o facto de a organização da Romaria de Nossa Senhora dos Remédios estar (como sempre esteve) integralmente entregue à vontade da comunidade do Arco de Baúlhe, o caráter totalmente voluntário do trabalho da Comissão de Festas, as quebras dos donativos no Peditório para a Romaria, a laicização das massas, a alienação das camadas mais jovens face à importância de manter este tipo de festas e até mesmo o atual estado de pandemia do país que não permite a realização deste tipo de eventos”.
Por tudo isto, entende a AFA, que a classificação da Romaria da Senhora dos Remédios é “urgente”.