Artigo de Vânia Mesquita Machado
Pediatra e escritora. Autora do livro Microcosmos Humano. Mãe de 3. De Braga.
Era uma vez.
Não foram felizes para sempre.
Paciência, para os adultos.
As crianças primeiro, como nos naufrágios; ou a vingança primeiro, como na guerra das rosas. Interminável. Sem rosas, só espinhos.
Que picam o coração dos filhos quando são bolas de arremesso.
A ferida sara mas a cicatriz é quelóide.
A Terra do Nunca só existe no conto do Peter Pan.
As crianças serão adultas. Marcadas indelevelmente se os pais forem imaturos.
Há pais e mães que não cresceram.
Brincar às casinhas após um divórcio é cruel.
Os meus também são filhos do divórcio.
Não é fácil para ninguém.
Felizmente não vivem histórias de terror encapotado, como tantas crianças à mercê dos caprichos de pais e mães sem um pingo de bom senso.
Uma família não deixou de o ser de um momento para o outro com a assinatura dos ex-cônjuges.
É uma família diferente: há uma mãe, um pai, os filhos.
A adaptação a essa realidade dói a todos mesmo que não se note ou os intervenientes não tenham consciência.
Com o tempo, a poeira assenta,lentamente,na maioria dos casos.
Em alguns, permanece a guerrilha de trincheiras, indefinidamente, muitas vezes unilateral, um pai ou mãe ressabiados pelo ph ácido do seu sangue frio e desoxigenado, envenenado pela mesquinhez.
O céu não nos cai em cima da cabeça, como temem os gauleses,mas as consequências dos atos irresponsáveis,mais cedo ou mais tarde são como uma pedra no cocoruto, de fisga certeira.
As crianças, futuramente, julgarão por si as atitudes dos pais.
Tolo é o cego que não vê por preferir ser avestruz.
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