Um dos hits da reconhecida banda brasileira Los Hermanos aponta que “todo o Carnaval tem seu fim”, uma música do álbum “Bloco do Eu Sozinho” que mostra que, até arredado, um brasileiro merece sempre comemorar o Carnaval.
E, para que uma das mais importantes festas cariocas não caia no esquecimento da comunidade brasileira residente em Braga, o grupo Bloco do Minho de Janeiro nasceu do nada, mas prepara-se para matar saudades à comunidade vinda do outro lado do Atlântico.
Bruno Gutman, porta-voz do grupo, que em breve será uma associação oficial, explica que esta ideia surgiu por esse mesmo motivo, descrito por uma palavra que só conhecem os falantes da língua que nos une: “Saudade”.
“Braga tem a maior comunidade brasileira do país (proporcionalmente à população) e parece impossível que, no local onde há mais brasileiros, não haja nenhum Bloco de Carnaval”, atira Bruno, advogado de 39 anos que deixou o Rio de Janeiro para “dar mais segurança às filhas”.
“Vim para cá e confesso que tenho saudade do espírito do Carnaval, não só eu como muitos outros brasileiros, daí resolvemos juntar uns amigos e ver se seria possível criar um bloco de Carnaval”, acrescenta.
Na virada do ano, o Bloco do Minho de Janeiro já conta com, pelo menos, 20 instrumentistas, e outros tantos para animar a parada. E um bloco de Carnaval é isso mesmo, um grupo de amigos que se junta para organizar uma marcha da folia, podendo o mesmo crescer sem parar.
“Já vi blocos no Rio que começaram com meia dúzia de pessoas a sambar, junto a um carrinho de supermercado que albergava colunas de som, enquanto desfilavam”, conta. Em 2018, o bloco do Cachorro Cansado, em Flamengo, juntou dez mil foliões. Nesse ano, o Rio de Janeiro viu desfilarem nas festas 79 blocos, no total.
Em Braga, o bloco não vai desfilar. “Dizem que aqui em Braga chove muito no Carnaval”, atira o advogado carioca. Mas até pode não chover. De qualquer forma, o evento será em local fechado, para evitar uma possível inveja de São Pedro para com a folia dos mortais.
No próximo dia 25 de janeiro, o Bloco do Minho de Janeiro vai ter a primeira prova de fogo. “No Brasil, em janeiro, surgem as festas pré-Carnaval, quando são apresentados os blocos, aqui, vamos fazer igual, uma festa, sem cortejo, mas com cerveja, comida de boteco (petiscos típicos de tascas do Rio de Janeiro) e muita diversão”, sublinha.
O aquecimento para o Carnaval está então marcado para a Quinta Senra de Cima, em Lamaçães. “Vamos ter a DJ Verinha, que é especialista em música de Carnaval”.
Mas nem só de Carnaval vive o Homem, nem sequer o brasileiro. Por isso, o grupo vai reunir, mensalmente, de forma a preparar outras atividades, inclusive no verão, quando o tempo permite um verdadeiro cortejo carnavalesco. “Haverá uma reunião mensal com um professor de bateria e onde cada um leva o seu instrumento para ensaiar”, diz Bruno.
Sobre Braga não ter tradição de Carnaval, distintivo que, no distrito, está reservado à cidade de Famalicão, o porta-voz quer mudar o paradigma. “Braga é capital de distrito, é a cidade mais importante no Norte, depois do Porto, e Famalicão tem bloco e Braga não”, atira.
De forma a entrosar os bracarenses e os portugueses com o espírito brasileiro que a comunidade vive no Carnaval, Bruno explica que foi feita uma parceria com a cerveja Letra, com sede em Vila Verde.
“Eles gostaram da proposta do evento e estão a apostar que o evento vai crescer em Braga, então aceitaram uma parceria. Pretendemos sempre entrosar Braga e o que é de Braga e arredores nas nossas atividades”, diz o residente na freguesia de Nogueiró.
“Agora vamos criar uma associação para poder formalizar o bloco como uma instituição, mas é sempre uma reunião de amigos que começou a crescer, onde um fala com outro e juntamos muitas pessoas”.
Na altura do Carnaval, ainda não sabem se na terça-feira, na véspera ou no fim de semana, haverá o grande evento para toda a comunidade, onde brasileiros, portugueses e demais nacionalidades são bem-vindas.
“A ideia é essa: trazer uma festa de Carnaval para Braga, mas com tempero do Rio de Janeiro”.